Rio de Janeiro, 06 de março de 2020.
Pai.
Esta semana surgiu um boato sobre uma traição conjugal, cometida pela primeira-dama. Um festival de memes e provocações. Foi um tal de corno pra cá, corno pra lá. Todo mundo pegando no pé dele por causa disso.
Onde fomos parar, pai? Foi preciso a gente chamar de corno um ser homofóbico, racista, misógino, machista, admirador de ditador pedófilo (Stroessner), envolvido em escândalos de corrupção e com ligações com a milícia para que seus apoiadores se sentissem incomodados?
Às vezes, temos que descer ao nível de nossos adversários para incomodar, eu sei. Mas o que mais me surpreende é eles não se incomodarem com todas as desqualificações desse ser que habita o planalto.
Mas o abominável gosta dessas coisas. É exatamente isto que ele faz para evitar falar dos assuntos sérios. Sobre o desemprego, a alta na informalidade (desempregados, mas pra eles isso é emprego), o desmonte da cultura, do Ibama, sobre a invasão de terras indígenas, sobre a economia...
Ah! Saiu o PIB de 2019. Foi de 1,1%!! E pra não falar sobre isso, ele colocou um sósia, para distribuir bananas para a imprensa. Este é o jogo dele.
Destrata os jornalistas, igual os militares faziam na época da ditadura. Já passou da hora dos jornalistas sérios se negarem a fazer qualquer tipo de cobertura sobre ele.
É isso aí! Jornalista que cobrir e se sujeitar aos insultos do abominável também não merece respeito. Não merecem nem ser chamados de jornalistas.
Um beijo do seu filho.
Ivan
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum