A dor e a delícia de ser bolsonarista – Por pastor Zé Barbosa Jr

Dá pra calcular a alegria incoerente, contraditória e idiota de ir para as ruas pedindo o fim da democracia?

Redes sociais
Escrito en OPINIÃO el

Uma das perguntas que mais vejo/ouço nas redes sociais e eventos que participo é: “Como alguém pode continuar sendo bolsonarista, depois de tantos absurdos cometidos por Jair Bolsonaro?” Parece difícil mesmo entender como um ser tão abjeto, desprezível, mentiroso e perverso ainda mantém um “núcleo duro” de apoio e verdadeira adoração por parte de seu rebanho. Mas, não é tão difícil responder isso… É porque existem a dor e a delícia de ser bolsonarista.

Antes de tudo, vou repetir o que tenho dito aqui e ali: isso que chamamos de bolsonarismo existe antes de Bolsonaro e continuará existindo depois dele. É fundamental entendermos isso para a compreensão desse grupo que lhe permanece fiel, que ocupa todos os dias o “cercadinho” e que vocifera nas redes o apoio ao “mito”.

Você, querido leitor, consegue imaginar a dor de um bolsonarista nos anos em que o PT governou? Consegue imaginar a “dor” de um racista ao ver negras e negros ocupando lugares até então inimagináveis? Consegue sentir o sofrimento de um homofóbico ao ver gays, lésbicas e transexuais conquistando o direito de ser tão “família” quanto ele? É capaz de dimensionar o ódio dos machistas de plantão e de uma sociedade totalmente calcada no patriarcado ao perceber mulheres assumindo postos de poder e, que audácia, a Presidência da República?

Não devia ser fácil ser bolsonarista nesse tempo, e isso vale praquele bolsonarismo que quer aparecer agora, mas sem Bolsonaro, a tal “terceira via”. Não é fácil imaginar que a “ditadura do politicamente correto” que tira o meu direito de ser homofóbico, racista, machista, capacitista pode voltar a qualquer momento. Há de se lutar com todas as forças contra isso. Por quê?

Porque ele não pode perder a delícia que está sendo viver esses tempos. Se não conseguimos alcançar a dimensão da dor, também não conseguiremos (graças a Deus!) alcançar o prazer se ser bolsonarista nos dias de hoje. Dá pra calcular a alegria incoerente, contraditória e idiota de ir para as ruas pedindo o fim da democracia? Conseguimos sequer atingir a felicidade que deve ser admitir ser anticiência, burro e desumano e saber que se pode ser isso porque o seu presidente também é assim? É uma alegria para poucos! É uma delícia a ser sorvida com o mórbido prazer de quem desfaz da vacina e da máscara em tempos de pandemia e encontra no MINISTÉRIO DA SAÚDE a “autorização” pra ser assim…

É por essas e outras que esse povo não abandonará Bolsonaro. Ele é a única esperança da celebração de sua estupidez, mediocridade e desumanidade. Sem Bolsonaro terão que novamente conter seus instintos animais de violência, segregação e morte. Sem o idiota-mor no poder têm medo de voltarem a ser tidos como realmente são: seres idiotas, imbecis políticos, evangélicos terríveis, católicos desprezíveis, espíritas obsessores! Só eles sabem a dor e a delícia de encontrarem o espelho perverso no poder!

E que em 2023 (ou antes até!) voltem para o esgoto… de onde nunca deveriam ter saído!

**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.