Entrou água no projeto neoliberal! – Por Juca Ferreira

Não é só de Bolsonaro que precisaremos nos livrar. O povo brasileiro vai ter que se mobilizar para livrar o país de todos esses predadores e seus projetos que estão nos inviabilizando como nação.

Jair Bolsonaro e Paulo Guedes (Foto: Divulgação/PR)
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O impeachment da presidenta Dilma teve como motivação e objetivo principal levar a usura capitalista e a superexploração do trabalho ao limite do insuportável para a sociedade brasileira, como era no Chile de Pinochet.

Também faz parte dos planos dos que usurparam o poder ultrapassar os limites da natureza na ânsia de maximizar os lucros. O projeto é socialmente desumano e ambientalmente insustentável.

Através de uma economia sem as regulações, para proteger os que vendem sua força de trabalho, existentes em qualquer país minimamente civilizado, deixam que a lei do mais forte regule as relações de trabalho.

No projeto neoliberal, o Estado é mínimo, apenas para cuidar do lucro do capital, sem responsabilidade social.

As leis de proteção social, importantes para a maioria do povo que vive do seu trabalho, estão deixando de existir ou sendo minimizadas através de reformas como a trabalhista, da previdência social, do estatuto do servidor público, etc.

Até o SUS e a saúde pública teriam sido extintas e os serviços de saúde seriam privatizados se a pandemia não estivesse castigando todo mundo e revelado a importância vital do sistema público de saúde.

Os trabalhadores, sem seus direitos, são submetidos a uma superexploração e ficam na antessala da miséria, disponíveis para se submeter a um nível ainda maior de exploração pelo capital.

Essas reformas, que contam com o apoio dos empresários, banqueiros e seus arautos, dos partidos de direita e centro direita e da grande mídia, deixam os brasileiros e brasileiras desprotegidos e a sociedade vulnerável, criando o ambiente perfeito para a barbárie e para a hegemonia da lógica de cada qual por si.

A política de libertar a economia de toda regulação e deixar a sociedade ao Deus dará e cada qual por si, trouxe-nos (a todos) para a beira de um grande abismo.

Nem a gravidade da pandemia e sua mortalidade crescente, nem a miséria e a fome voltando para nossa realidade, foram capazes de sensibilizar nossa classe dirigente. Não se comovem, nem demonstram a mínima empatia com a questão humana.

Se o sofrimento do povo brasileiro e o agravamento diário da pandemia não têm sensibilizado os donos do dinheiro e dos meios de produção, o número de mais de 300.000 mortes e a crise sanitária se agravando vem assustando a todos e está deixando claro que não é possível deixar o coronavírus tomar conta do país. Esse desleixo com a vida dos brasileiros está assustando o mundo e o Brasil vai se tornando uma ameaça global.

Até a atividade econômica, a única realidade que importa para as nossas elites, vem sendo afetada com o agravamento da crise sanitária.

O grande capital e seus agentes ideólogos começaram a perceber que o abismo está bem perto. Movimentações, manifestos e declarações de grandes empresários, banqueiros e economistas pressionam o genocida e seu governo para se tornarem responsáveis e darem um jeito, porque a economia não está funcionando em meio a esta catástrofe.

O mercado não tem nenhuma empatia nem solidariedade diante do sofrimento das pessoas e das mortes causados por uma pandemia fora de controle. Só pensam e se comovem com dinheiro, com mercadorias, com a mais valia e com o lucro.

A verdade é que, nesse momento, a economia brasileira está descendo a ladeira e não é só por causa da gravidade da crise sanitária.

Guedes, o representante do capital financeiro no governo, o demolidor de toda as regulações e dos direitos sociais, o que comanda a venda das empresas estatais e outros ativos públicos, já não engana ninguém.

Fuga de capitais e grandes empresas, inclusive montadoras, que estão deixando o Brasil. Muitas falências em todos os setores, desemprego, etc.

Esse projeto que não deu certo em lugar nenhum do mundo e essa rapinagem dos ativos econômicos do país vai nos custar muito caro. Já venderam – barato – boa parte do pré-sal, estão fatiando a Petrobras para privatizar, fechando refinarias e a distribuidora. O plano é privatizar tudo. Banco do Brasil, Caixa, Eletrobras, etc.

O setor de serviço também vem sofrendo com a política econômica do governo e com os impactos da pandemia, já que muitas empresas estão fechando suas portas.

Não estamos enfrentando apenas o vírus e a pandemia. A usura e a voracidade capitalista virou política governamental, sem nenhum disfarce. Estão desmontando o país! Portanto, não se trata somente de um genocida na presidência. Todo o projeto está em crise. Guedes e sua “política” econômica, cantada em verso e prosa, pelas elites e pela grande mídia, é um fiasco absoluto.

O Brasil, se fosse uma empresa, estaria falimentar.

Vai ser preciso recompor todo o projeto de nação, reestruturar o Estado nacional e recompor nossos ativos que estão sendo sucateados ou que foram vendidos.

Um programa mínimo de transição é uma necessidade urgente e deve conter uma outra proposta econômica para o país.

Não é só de Bolsonaro que precisaremos nos livrar. O povo brasileiro vai ter que se mobilizar para livrar o país de todos esses predadores e seus projetos que estão nos inviabilizando como nação.

É urgente recuperar o Estado de Direito e a democracia, sem tutelas.

Talvez 2022 seja longe demais.

**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.