Equador elege Guilherme Lasso, de direita; No Peru, Pedro Castillo, de esquerda, lidera no 1° turno

Nas Notas Internacionais: Eleições nos dois países andinos marcam duelo entre candidatos de campos diametralmente opostos. No Equador, pequena margem deu vitória a Lasso, enquanto no Peru, com votação fragmentada, Castillo sai na frente

Foto: Guilherme Lasso, em comício da vitória (France24)
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- No Equador, o candidato da direita Guilherme Lasso, do movimento Criando Oportunidades (CREO), em aliança com o Partido Social Cristão (PSC), venceu o 2° turno das eleições presidenciais com 52,5% dos votos, contra 47,50 de Arauz. Havia muita expectativa em torno da candidatura do economista Andrés Arauz, que pontuava na dianteira nas pesquisas durante quase todo o período de campanha do 2° turno, que durou dois meses. Nos dias que antecederam o domingo eleitoral (11) as pesquisas já apontavam perda de fôlego de Arauz e subida de Lasso. De todo modo, as pesquisas de boca de urna davam vitória apertada para Arauz. A Cedatos chegou a dar 53,2% a 46,7%. Lasso é um homem de 65 anos, historicamente vinculado ao setor financeiro, em especial ao Banco de Guayaquil, tendo sido ministro da economia do governo de Jamil Mahuad (1998-2000). Esta é a terceira vez que ele concorre à Presidência do Equador (2013, 2017, 2021). Nas eleições anteriores ficou em segundo lugar. Um dos fatores que impactou muito no resultado eleitoral foi o fracionamento do movimento indígena. A Confederação das Nacionalidades Indígenas do Equador (CONAIE) decidiu em seu conselho ampliado, no dia 10 de março, pelo voto nulo. No entanto, uma parte das nacionalidades amazônicas divergiu e foi acompanhada do presidente da CONAIE, Jaime Vargas, na declaração de apoio a Arauz. Vargas chegou a dizer num encontro no dia 3 de abril, em Sucumbíos, que “suas propostas (de Arauz) têm o respaldo absoluto do movimento indígena”. No dia seguinte veio a reação do conselho dirigente do organismo, ao dizer que ia “impulsionar o voto nulo” e que “não cai em jogo eleitoral”. A apuração está apontando para um milhão e seiscentos mil votos nulos. O universo de votantes é de 13 milhões. (Com infos de resumenlatinoamericano.org)

- O domingo também foi de eleições no Peru. Numa eleição que era extremamente imprevisível, com 18 candidatos concorrendo, houve um resultado de 1° turno surpreendente. O candidato Pedro Castillo, professor e sindicalista, do Partido Político Nacional Peru Livre, obteve a maior votação, com 16%. Seguido de três candidatos com pouco mais de 10%: Hernando de Soto (Avança País), Keiko Fujimori (Força Popular), Jonhy Lescano (Ação Popular) e Rafael López Aliaga (Renovação Popular). Veronika Mendoza (Juntos por Peru) pontua com 8,8%. Aquele que apontou por um tempo como primeiro colocado nas pesquisas, o jogador de futebol George Forsyth (Vitória Nacional) está com 6,4%. Esses ainda são dados preliminares da Ipsos Perú para a América Televisión. Pedro Castillo tem 51 anos e ganhou notoriedade no país ao encabeçar uma prolongada greve nacional do magistério em 2017 e ao longo da campanha nunca pontuou entre os prováveis mais votados nas pesquisas. Uma de suas propostas é trocar a atual Constituição do país, convocando uma Assembleia Constituinte. Ele se posicionou nas eleições contra o recorte de gênero no currículo escolar e disse que, em um eventual governo seu, não se legalizaria o aborto, o casamento homoafetivo e a eutanásia, pautas polêmicas no país. Propõe ainda 10% do PIB para Saúde e Educação. As últimas pesquisas apontavam para uma liderança de Lescano. O 2° turno será em 6 de junho e o novo presidente assume em 28 do mês seguinte. Os peruanos também votaram ontem (11) para renovar o Congresso, que é unicameral e possui 130 cadeiras. A tendência é de que a votação para o parlamento tenha sido fragmentada e atomizada tal como a presidencial. O Peru vive uma crise institucional prolongada, sendo que dos dez presidentes que o país teve desde os anos 80, sete foram presos nos últimos anos, envolvidos em escândalos de corrupção.