- Tomou posse ontem (8) na Bolívia o presidente Luis Arce, eleito com 55% dos votos, e seu vice David Choquehuanca. Ambos são do partido MAS-IPSP (Movimento ao Socialismo – Instrumento Político para a Soberania dos Povos). O clima nos dias anteriores estava tenso, especialmente na região de Santa Cruz de la Sierra, e acabou se agravando com um atentado no local de concentração da campanha presidencial do MAS, em La Paz, na sexta-feira (6). O presidente eleito Luis Arce estava dentro do imóvel, que foi atacada com dinamite. Felizmente, ninguém saiu ferido no episódio. Devido a esse fato, a segurança do ato de posse foi reforçada e o evento teve a participação popular bem mais limitada, contida por barreiras de proteção no local da cerimônia. O centro do discurso de posse de Arce foi a economia, que apresentou queda de 11% só no primeiro semestre de 2020. De imediato, será oferecido à população mais pobre um bônus, ou uma bolsa, no estilo auxílio emergencial que tivemos no Brasil, por conta da pandemia do coronavírus. Esse apoio já havia sido aprovado pelo parlamento boliviano, ainda no governo de transição de Añez, mas nunca foi implementado.
- Os Estados Unidos caminham para ter uma nova composição na direção da Casa Branca. Praticamente todos os votos já foram contados e o país, que tem a vitória eleitoral anunciada pelas maiores e mais ricas redes de televisão, já dá como certa a posse de Joe Biden e Kamala Harris em 20 de janeiro do próximo ano. Até lá, os estados terão até 8 de dezembro para fechar seus resultados consolidados. O Colégio Eleitoral se reúne em 14 de dezembro e sua decisão é ratificada pelo Congresso no dia 6 do mês seguinte. Embora o próprio presidente dos EUA, Donald Trump, não tenha reconhecido ainda a eleição do adversário, muitas lideranças mundiais já reconheceram a vitória de Biden, como o primeiro-ministro indiano Narendra Modi, o premiê israelense Benjamin Netanyahu, a chanceler alemã Angela Merkel, o presidente francês Emmanuel Macron e praticamente todos os presidentes da América do Sul, com exceção do Suriname e do Brasil. Aliás, as movimentações internas do governo Bolsonaro sobre o tema têm sido interessantes de serem observadas. Há, entre os militares e diplomatas, o desejo de que o Brasil se pronuncie logo, enquanto entre Bolsonaro, filhos, Ernesto Araújo e olavistas, o desejo de ser fiel a Trump até o fim. Outros líderes mundiais que ainda não se pronunciaram foram López Obrador, do México, Vladimir Putin, da Rússia e Xi Jinping, da China. Praticamente todos eles informaram através de suas chancelarias, que vão aguardar a proclamação dos resultados eleitorais oficiais pelas autoridades estadunidenses.
- A equipe de Biden e Harris já organizou um time que comandará a transição, de agora, até 20 de janeiro. Eles criaram um site chamado “Build Back Better” (Reconstruindo Melhor), que pode ser lido em inglês e espanhol. A página diz logo no início tratar-se de um painel que dará visibilidade aos preparatórios e medidas mais urgentes a serem tomadas, logo no primeiro dia de mandato, que eles estão chamando de “Day One”. Segundo os eleitos, a transição pretende liderar o país rumo à reconstrução de uma forte e inclusiva classe média e à construção de uma economia para o futuro. Os quatro eixos escolhidos foram a crise pandêmica, a crise econômica, a justiça racial e os desafios das mudanças climático.
- No Peru será votado hoje (9) o impeachment do presidente Martín Vizcarra. São necessários 87 votos entre os 130 membros do Congresso local. Vizcarra é acusado de aceitar subornos no montante de um milhão de soles, algo equivalente a 300 mil dólares, de uma empresa de infraestrutura de irrigação, quando era governador de Moquegua, ao sul do país, entre 2011 e 2014. A instituição da delação premiada também anda forte por lá e foi uma delas que detonou o novo processo de impedimento do presidente. Todos os últimos presidentes peruanos saíram da presidência para entrar em julgamentos por corrupção: Alberto Fujimori, Alejandro Toledo, Alan García, Olanta Humala e Pedro Paulo Kuczynski, de quem Vizcarra era vice, e que renunciou em 2018, acusado de corrupção com a Odebrecht.
- Notícia da semana passada que passou batido por aqui, nas Notas, por conta das eleições norte-americanas, foi a do referendo da Argélia, ocorrido em 1º de novembro. Com uma abstenção recorde, somente 23,7% das pessoas votaram. A população argelina (quem se dispôs a votar) aprovou a reforma da Constituição local, com 66,8% dos votos. A participação popular no referendo foi a menor desde a independência do país em 1962. Muitos analistas e estudiosos da política argelina têm apontado para uma sabotagem popular em resposta à condução do país pelo presidente Abdelmadjid Tebboune (atualmente hospitalizado na Alemanha). O mandatário anterior, Abdelaziz Bouteflika, renunciou em 2019, após uma onda de protestos contra sua tentativa de renovar seu mandato pela quinta vez.
- Mais de 50 milhões de pessoas em todo o mundo já fora, ou estão infectadas, pelo novo coronavírus desde o primeiro surto foi descoberto em dezembro de 2019. Os dados são da Johns Hopkins University, dos EUA. Só no país norte-americano, o número de infectados já passou dos 10 milhões. A nova onda da Covid-19, na Europa, é fortíssima. Na Alemanha, por exemplo, um dos países que melhor enfrentaram o primeiro surto da pandemia, no primeiro semestre, agora teme que seus seis mil leitos de UTI sejam rapidamente preenchidos, caso mantenha-se a taxa de 20 mil novas infecções por dia. Um detalhe importante é que, após o Japão, a Alemanha possui a população mais idosa do mundo, com 23 milhões de pessoas com mais de 60 anos, segundo o ministro da Saúde do país europeu, Jens Spahn, em entrevista amplamente divulgada pela imprensa. O país tem vivido também uma série de protestos contra as restrições geradas pelas medidas de contenção de propagação do vírus. Só neste final de semana, cerca de 20 mil pessoas estiveram em protestos nas ruas de Leipzig, muitas sem máscaras.
- Há muita celebração nas redes e na imprensa, hoje (9), por conta de resultados anunciados da vacina contra o novo coronavírus produzida pela Pfizer e a BioNTech, que apontam para mais de 90% de eficácia do imunizante. A partir de um universo de 43 mil voluntários participantes nos testes, foram registrados 94 casos de manifestação da doença. O nome da vacina é BNT162b2 e usa material genético do vírus para induzir uma resposta imune no corpo humano. Os dados ainda não estão publicados em revista científica especializada. Segundo informações da imprensa, há negociações abertas entre os executivos das farmacêuticas e o governo brasileiro para a venda da vacina, mas ainda com poucos progressos. Já existem acordos firmados para a compra da vacina pelos EUA, Japão, Canadá, Chile, Peru, Costa Rica, entre outros. Será mais uma disputa geopolítica que obrigará o Brasil a se posicionar, afinal, as vacinas mais promissoras são produzidas por farmacêuticas chinesas, americanas e russas.
- O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, aquele mesmo que ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 2019, ordenou, na semana passada, uma ofensiva militar na região norte do país, em Tigray, dirigida pela TPLF – Frente de Libertação do Povo de Tigray. A decisão foi tomada após o grupo separatista que opera naquela região atacar uma base do exército etíope, com perdas fatais. A tensão entre o governo central e o grupo separatista que controla Tigray aumentou com o adiamento das eleições nacionais, previstas inicialmente para agosto. No último sábado (7), a Câmara Alta do país aprovou um dispositivo legal que permite a intervenção federal na região, por ter “violado a Constituição e colocado em perigo o sistema constitucional”.
- O ex-presidente Evo Morales já está em solo boliviano e foi recebido por uma multidão na cidade de Villazón. Antes de atravessar, ele se despediu de, Alberto Fernández, presidente argentino, na localidade fronteiriça de La Quiaca. O governo argentino garantiu a integridade e segurança de Evo ao longo de seu período no exílio. Há exatamente um ano, no dia 10 de novembro de 2019, ele renunciou à presidência da Bolívia após um golpe de Estado orquestrado por civis, militares e organismos internacionais, como a OEA. Do sul da Bolívia, ele deve seguir em caravana, formada por quase mil carros, até Cochabamba, onde iniciou sua carreira política.