Fachin diz ser comum “líder populista querer regras próprias numa eleição”

Afirmação vem justamente no momento em que Jair Bolsonaro pressiona por implantação do voto impresso, ameaçando suspensão do pleito de 2022, enquanto seu ministro da Defesa é acusado de alardear golpe

Luiz Edson Fachin | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federa (STF), mandou um recado bem direto para o presidente Jair Bolsonaro na tarde desta quinta-feira (22), em meio à confusão institucional criada pelo chefe do Executivo com a ladainha do voto impresso e de seu ministro da Defesa que teria ameaçado um golpe contra Arthur Lira, segundo o Estadão.

“No Brasil de hoje não é de se espantar que um líder populista se recuse a obedecer às regras vigentes, que queira suas próprias regras para disputar as eleições e que se recuse a ter seu legado escrutinado pela sociedade no bojo de uma eleição política. É disso que se faz a democracia, de eleições periódicas”, disparou o juiz da Suprema Corte, sem mencionar o nome do presidente da República.

A declaração foi dada durante um evento da organização Transparência Eleitoral, convocado justamente para rebater as acusações infundadas de Bolsonaro sobre a segurança do sistema eleitoral brasileiro. O líder extremista impõe como condição para a realização da eleição presidencial de 2022 a implantação de um sistema de voto impresso.

Fachin também fez duras críticas ao modelo defendido por Jair Bolsonaro e considerado pelo presidente “ideal e seguro”, classificando o voto impresso como pernicioso, antieconômico e ineficaz. Para o ministro, que será o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a partir de fevereiro de 2022 (portanto durante as próximas eleições) as reclamações reiteradas e denúncias repetitivas proferidas pelo atual ocupante do Planalto “se assentam em acusações de fraudes vazias de provas e sem respaldo na realidade”