Hospital Regional de Castanhal: demissão em massa e calote nos trabalhadores

Circula nas redes o abaixo-assinado "luta pelo direito de pagamento e rescisão #ontemheroishojedemitidos" dos profissionais de saúde demitidos sem receber salários atrasados e rescisão

Profissional da Saúde exibe o mote da campanha #OntemÉramosHeróisHojeFomosDemitidos. Reprodução
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Em 2014 o governo do estado do Pará iniciou a construção do Hospital Regional de Castanhal. Em março de 2020, com o avanço da pandemia da Covid-19, as obras foram retomadas em caráter emergencial. Em 3 de junho, o governo antecipou a entrega de leitos de UTI e enfermaria e o hospital foi usado, exclusivamente, para pacientes com Covid-19.

Mal começou a funcionar e as denúncias começaram a aparecer. O Sindicato dos Médicos do Pará- Sindmepa começou a receber denúncias de que a empresa Amaz Saúde, responsável pelos contratos de trabalho para o Hospital, havia desligado os médicos contratados sumariamente, sem aviso prévio e sem pagar os salários de julho. Com o desligamento, o Hospital Regional, parcialmente inaugurado, ficou sem atendimento de clínica médica e na UTI, passando a ser coberto por médicos cubanos. Em junho, os médicos cubanos contratados para trabalhar desde abril em unidades básicas, de saúde, hospital de campanha também denunciavam que não estavam recebendo seus salários.

Abaixo-assinado pelo direito de pagamento e recisão

Circula nas redes o abaixo-assinado "luta pelo direito de pagamento e rescisão #ontemheroishojedemitidos"

Trata-se de uma iniciativa dos demais profissionais da saúde que atuavam no Hospital Regional de Castanhal e que foram demitidos em massa na primeira quinzena de outubro.

Eles vêm fazendo protestos contra a demissão em massa e o calote, pois além dos salários atrasados não receberam as custas da recisão. Os trabalhadores denunciam ainda o risco da transferência dos pacientes para o hospital de campanha de Belém, pois entre eles haviam doentes bastante fragilizados.

Em nota, a Secretaria de Saúde Pública do Pará (Sespa) informou que o encerramento do atendimento de pacientes de Covid-19 tanto no Hospital Regional de Castanhal como no Hospital Público Geral de Castelo dos Sonhos se deu em função da mudança do bandeiramento da pandemia e que os referidos hospitais passariam por processo de desinfecção nos próximos 30 dias.

Criado por Kesia Menezes para pressionar o governo do Pará, o texto do abaixo-assinado informa que 300 funcionários foram demitidos do Hospital Regional  de Castanhal , com salário atrasado e sem rescisão. O documento busca sensibilizar a população sobre o desamparo que se encontram os trabalhadores, quando a saúde é entregue às OS que sequer respeitam os direitos básicos trabalhistas: "Lutamos contra o COVID 19, cuidando e dando nosso melhor, somos 300 famílias que sustentavam suas famílias direta ou indiretamente. Desamparados, estamos na luta por nossos direitos".

O abaixo-assinado dos profissionais de saúde demitidos em massa sem salários e direitos já tem quase 47 mil assinaturas.

Apesar dos problemas de pagamento de pessoal, demissão em massa com a OS que gerenciou o Hospital Regional de Castanhal, em 17 de outubro, a Sespa lançou alguns editais de contratação de Organização Social para gerir as unidades hospitalares, entre elas o Hospital Público Geral de Castelo dos Sonhos e de Tapajós.