Ignorante, Bolsonaro tem muito a aprender com Paulo Freire

Bolsonaro critica Paulo Freire porque sempre odiou o conhecimento e qualquer um que faça dele instrumento de libertação. Vindo de uma família simples e oprimido nas baixas patentes militares, sempre sonhou em ser o opressor

Bolsonaro (Montagem/ Flickr/ Família Bolsonaro/ PR)
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Ao iniciar esse texto quero ressaltar que o termo ignorante, que deriva do latim e tem a mesma origem de ignorar, está relacionado àquele que ignora o conhecimento. E, assim, somos todos nós. Ignorantes em áreas que escolhemos ignorar. Jair Bolsonaro é um ignorante em diversas áreas de conhecimento. É ignorante confesso em Economia. E, apesar de pregar que o passado não deva ser esquecido - para não condenar o próprio futuro -, assume-se um insensato ignorante quando olha para aqueles que, com muita sapiência, construíram a História do Brasil. Sapiência, diferente de sabedoria, por olhar o conhecimento como algo sagrado. E usar esse conhecimento justamente para tirar outras pessoas da ignorância. Ao se referir a Paulo Freire como energúmeno - palavra que retrata o ser possuído pelo demônio - e idolatrar torturadores como Brilhante Ustra, Bolsonaro busca reescrever a História do Brasil a partir da sua ignorância confessa. Da mesma maneira como delega a Paulo Guedes a entrega do patrimônio e os rumos da economia do país. Em sua vida, Paulo Freire mergulhou no conhecimento sobre a educação e como ela vem sendo usada através dos tempos para manter a opressão da população menos favorecida. Brasileiro mais citado em estudos acadêmicos pelo mundo e com maior número de títulos honoris causa, Freire via o processo de aprendizagem como uma interação social, uma forma de troca com a realidade e da liberdade que se toma ao adquirir conhecimento. Bolsonaro, ao contrário, sempre foi escravo da própria ignorância. Preferiu a politicagem à política durante as quase três décadas em que esteve no Congresso. Recusou-se a compreender sobre a economia política e a influência do mercado. Ignorou qualquer conhecimento histórico do país que não viesse das academias militares ou da elite que sempre cortejou. Bolsonaro critica Paulo Freire porque sempre odiou o conhecimento e qualquer um que faça dele instrumento de libertação. Vindo de uma família simples e oprimido nas baixas patentes militares, sempre sonhou em ser o opressor. Freire sempre foi um intelectual amoroso, pois sabia que a educação se dá na relação, na troca de conhecimento com o mundo. E que o amor é o que nos faz caminhar em direção ao outro. Freire sabia que a educação é um exercício de empatia e por amor às pessoas e ao mundo sempre lutou para que a justiça social fosse implantada junto a esse processo de aprender e ensinar.

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