Jesus e a Terceira Via – Por pastor Zé Barbosa Jr

Jesus radicalizou até mesmo no confronto com os religiosos de seu tempo: radicalizou no afeto aos explorados, radicalizou ao tomar partido dos pobres e oprimidos, radicalizou na reinterpretação da Lei para que a vida humana fosse dignificada

Ato convocado pelo MBL contra Bolsonaro em frente à Fiesp, na Avenida Paulista (Reprodução/Twitter)
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Os atos de ontem, 12 de setembro, pelo país afora, promovidos por aqueles que acreditam numa “terceira via”, floparam, o que em português quer dizer: foram um fracasso. Conseguiram reunir, em todo o Brasil, um público que não encheria um estádio de futebol para um jogo do Íbis. Com todo respeito ao Íbis.

Não acredito em “terceiras vias”. Particularmente, o que parece “sábio” ou “prudente” para muitos não me apetece. Essa é a vantagem de escrever um artigo de opinião, aquelas palavrinhas salvadoras que vem após o texto: “**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista da Fórum.” Sou tido por muitos como radical nas opiniões. Como seguidor de Jesus, gosto disso. Jesus era um radical. E, pelo que me consta, também detestava “terceiras vias”.

No famoso “Sermão da Montanha”, foi categórico ao afirmar que “"Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro.” (Mateus 6.24). Sim, para Jesus, Deus é antagônico ao acúmulo de riquezas, ao amor ao dinheiro, aos projetos de enriquecimento pessoal. Radicalidade total. Amor e ódio. Se ama a um, odeia o outro. Simples assim!

Ainda no mesmo sermão, Jesus afirma “Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna.” (Mateus 5:37). Não dá, por exemplo, pra dizer “fora fascista!’ num ato promovido por… fascistas! O meu FALAR SIM deve ser acompanhado pelo meu AGIR SIM. É radicalidade que chama, né? Pois é…

Aliás, Jesus radicalizou até mesmo no confronto com os religiosos de seu tempo: radicalizou no afeto aos explorados, radicalizou ao tomar partido dos pobres e oprimidos, radicalizou na reinterpretação da Lei para que a vida humana fosse dignificada. Dá até pra ver, em algumas falas de Jesus, a bendita legenda aparecendo ao final: “**Esta fala não reflete, necessariamente, a opinião da Torá.” Onde não dava para negociar, Jesus não negociava. Não havia “comunhão” entre ele e os “fascistas” (fariseus e hipócritas religiosos) de sua época.

Por fim, no livro do Apocalipse, são atribuídas a Jesus as seguintes palavras: "Conheço tuas obras: não és frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente! Mas, porque és morno, nem frio nem quente, estou para vomitar-te de minha boca" (Apocalipse 3.15-16). Aqui está a radicalidade levada ao extremo: Serão vomitados os “mornos”. Aqueles que não assumem o seu lado, aqueles que não têm compromisso com suas próprias palavras.

Para meu azar (ou sorte – a história dirá), eu sigo esse cara, esse radical. Então não espere de mim apoio a nenhuma terceira via em tempos de fascismo. Meu apoio é inegociável. Minha escolha é radical. Tem raiz. Tem lastro histórico. Estou ao lado dos oprimidos, dos pobres, dos marginalizados, dos explorados. E creio que Deus também tem lado nessa história.

É na luta que a gente se encontra! Sempre!

**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.