Moro decidiu descer do muro e vai avançar contra Bolsonaro

Não há como não lembrar da enigmática frase de Rosangela Moro em fevereiro do ano passado: “Já estou iniciando hoje campanha para 2022”.

Moro e Bolsonaro (Foto: Marcos Corrêa/PR)Créditos: Presidência da República
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Nos últimos dias, Moro decidiu colocar em prática o que venho alertando desde junho do ano passado: a ambição de disputar o Planalto.

Há um ano eu venho escrevendo uma série de colunas sobre o tema!

E nada melhor do que Bolsonaro fora do caminho para que o ex-juiz federal vire o novo flautista de Hamelin da extrema-direita.

Moro sabe que não irá para o Supremo Tribunal Federal. O presidente nunca confiou no ministro totalmente.

Enquanto Bolsonaro está em flagrante processo de auto-fritura, o ministro não perdeu tempo em conceder entrevistas, uma no último dia 20 e outra agora para a CNN Brasil.

O ex-juiz federal já sabia que seu chefe havia se tornado radioativo e, por isso, se afastou do presidente dando a chancela que boa parte da imprensa precisava para avançar sobre Bolsonaro.

Mas não parou por aí. Moro se juntou com  o ministro Paulo Guedes e os militares nos bastidores para apoiarem Mandetta na defesa da manutenção das medidas de distanciamento social e isolamento da população no combate à pandemia do coronavírus.

Em entrevista à CNN, o ministro da Justiça, Sergio Moro, afirmou que a responsabilidade de orientar sobre a COVID-19 é do Ministério da Saúde, assim reafirmando a autoridade do ministro perante o presidente.

Moro sabe que não irá para o STF, também nunca foi sua intenção.

Porém não pode avançar de forma frontal, ele precisa antes disso migrar a base extremista e ideológica do bolsonarismo para a sua conta.

Por isso ainda nega em entrevistas tratar de assuntos que sejam relacionados diretamente ao presidente.

Acontece que Brasília virou um salve-se quem puder. Enquanto um presidente tenta boicotar e sabotar seu próprio ministro... Eles também tentam sabotar o próprio presidente.

Bolsonaro na manhã desta segunda-feira (30) já havia se queixado para pessoas próximas de que Moro não estaria lhe dando mais sustentação durante essa crise.

Não há como não lembrar da enigmática frase da esposa do ministro Sérgio Moro em fevereiro do ano passado: “Já estou iniciando hoje campanha para 2022”.