O Brasil voltou a dizer: Ele Não!

O mercado resolveu se posicionar contra a política de Bolsonaro. Centrais fazem ato pelo lockdown da classe trabalhadora em defesa da vacina e do auxílio emergencial

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Escrito en OPINIÃO el

Movimentos Sociais e Sindicais, artistas e especialmente as mulheres saíram às ruas em 2018 para dizer: "Bolsonaro Não", "Ele Não!".

Bolsonaro se elegeu e aprofundou o golpe 2016. Na agenda neoliberal levada a cabo por Paulo Guedes, apoiada por banqueiros e empresários financistas estavam o ataque aos direitos, as privatizações, o sequestro dos recursos públicos desviados das políticas públicas para o Capital.

Veio a pandemia que aprofundou ainda mais as desigualdades da nefasta política econômica. A covid-19 agravou ainda mais o quadro desolador em que se encontra o país, com o pior resultado de combate à Covid-19 no mundo, devido à política deliberada de Bolsonaro para ampliar o contágio. O mandatário que ocupa a cadeira da presidência sempre foi contra o isolamento social, contra o uso de máscaras, contra vacinas, estimulou aglomerações, boicotou governadores e prefeitos que seguiram as orientações da OMS, fez e faz propaganda de cloroquina, ivermectina, drogas sem qualquer comprovação científica para o tratamento da covid e que podem gerar outras enfermidades graves: há quatro pacientes a espera de transplante de fígado que desenvolveram hepatite após o uso de ivermectina.

Com mais de 3 mil mortos por dia, até banqueiros estão pulando do navio bolsonarista

No último domingo (21/03), mais de 500 representantes do "Mercado" entre banqueiros, economistas (em sua maioria neoliberais), empresários financistas escreveram e publicaram uma carta aberta, exigindo políticas públicas (quem diria) para conter a fase explosiva dos contágios da covid-19 e a média diária de mais de 3 mil mortos.

Num trecho do documento afirmam: "Estamos no limiar de uma fase explosiva da pandemia e é fundamental que a partir de agora as políticas públicas sejam alicerçadas em dados, informações confiáveis e evidência científica. Não há mais tempo para perder em debates estéreis e notícias falsas. Precisamos nos guiar pelas experiências bem-sucedidas, por ações de baixo custo e alto impacto, por iniciativas que possam reverter de fato a situação sem precedentes que o país vive”.

Criticam ainda a postura de Bolsonaro sem citá-lo diretamente: "O desdenho à ciência, o apelo a tratamentos sem evidência de eficácia, o estímulo à aglomeração e o flerte com o movimento antivacina, caracterizou a liderança política maior no país". Leiam a íntegra do Manifesto

Com a palavra os sindicalistas no dia do lockdown da classe trabalhadora

Conversamos com alguns dirigentes sindicais a respeito do manifesto dos banqueiros publicado no último domingo e também sobre o dia de luta, hoje (24/03), onde as centrais sindicais reivindicam vacina para todos e auxílio emergencial, como medidas reais para parar o contágio e diminuir o de número de mortes pela Covid-19.

Carmen Foro, Secretária Geral da Central Única dos Trabalhadores - CUT, destacou o respeito a todas as manifestações de repúdio à política destrutiva de Bolsonaro, mas salienta que alguns grupos, como o empresarial e financeiro que ajudou a elegê-lo, passam a se manifesta quando o país chegou a 300 mil mortes pela covid-19, vivendo sua maior tragédia humanitária, sanitária e econômica.
"Nós mulheres, nós trabalhadoras e trabalhadores da CUT, dos movimentos sociais e tantas outras organizações populares, acadêmicas, científicas, da classe dos artistas, temos dito "Ele Não", "Ele Nunca", Ele Jamais" desde antes da eleição de Bolsonaro. Porque nós já percebíamos o quanto seu governo seria nefasto para a vida do povo." e prossegue: "Para alguns, somente agora chegou o sofrimento, decorrência dos malfeitos deste desgoverno, até hospitais privados estão sem leitos de UTI. Nós estamos feridos de morte, desde o primeiro dia e desde antes, com todos os retrocessos do golpe de 2016."
A Secretária Geral da CUT finaliza: Respeitamos todas as manifestações, é importante que mais grupos sociais se somem à luta pela vacina e contra a política genocida. Todas as forças devem se agregar, mesmo chegando muito tardiamente."

Heleno Araújo, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação - CNTE, lembra que o quadro de calamidade pública a que chegamos começou com o golpe 2016 e o ataque aos direitos, especialmente com a aprovação da Emenda Constitucional 95, que congela o orçamento público com gastos sociais por 20 anos: "O Brasil vive uma tragédia anunciada desde 2016. O golpe contra a democracia, a classe trabalhadora, a Emenda Constitucional 95 foi a base. O Brasil é o único país no mundo que colocou na sua Constituição federal a aprovação de o Estado não fazer investimento em políticas públicas durante 20 anos."

Dirigente do ramo da Educação, Heleno conhece bem os efeitos da EC95, especialmente na pandemia, onde milhões de crianças, adolescentes e jovens não conseguiram acompanhar aulas remotas devido a fragilidade de não apenas os alunos, mas igualmente os professores sem orientações, sem equipamentos e sem acesso à banda larga. O dirigente afirma que a redução dos investimentos em saúde e educação, que são "políticas essenciais para o direito humano, impede o exercício da cidadania e a vida com dignidade" e prossegue arrolando a série de ataques: "A EC 95 foi seguida por outros ataques: a reforma trabalhista, a reforma da previdência, a terceirização irrestrita e na área da educação o novo ensino médio". Para o presidente da CNTE, a pandemia apenas mostrou o total descontrole do governo: "Bolsonaro não tem condições, competências ou habilidades para dirigir o Brasil, ele é agente do caos, prova milhares de mortes, destruição em massa, tanto das políticas públicas como do papel do Estado. Para piorar, um governo que tem uma ala negacionista e privatista, que conseguiu eleger os presidentes do Congresso Nacional e tem a maioria dos prefeitos, que defendem a ideia de um estado mínimo, neoliberal, que se exime de cuidar de seus cidadãos."

Heleno chama a atenção que só agora banqueiros, empresários financistas e economistas (em sua grande maioria de direita) se manifestam porque "estão sentido na pele a falta de UTI nos hospitais privados, verificando que seus planos de saúde não conseguem garantir a eles segurança contra a covid-19", afirma e complementa: "qualquer manifestação em defesa da vida, da saúde, da vacina é bem vinda, precisamos somar forças para acabar com o governo Bolsonaro que está destruindo o país e matando os brasileiros. Precisamos tomar um novo rumo, para enfrentar a covid-19, proteger a população e recuperar os empregos, a economia, a dignidade dos brasileiros."

Dayvid Barcelar, coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros, fez sua ação de hoje na porta da refinaria Landulpho Alves, em processo de privatização. Se concretizada a venda para os Emirados Árabes, o monopólio e a dependência energética do Brasil, especialmente na Região Nordeste, vai se ampliar. Bacelar orientou petroleiros e terceirizados a importância do lockdown. Os petroleiros estão entre as categorias mais afetadas pela covid-19:

https://www.youtube.com/watch?v=NioZXaUIJww