Olavo de Carvalho defende a contrarrevolução permanente, mas não é o contrário de Trotsky

Valerio Arcary: “O líder intelectual da corrente neofascista merece ser comparado com Rasputin. Um excêntrico messiânico. Um maluco”

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Estamos diante de uma avalanche de coisas estranhas acontecendo. Tão estapafúrdias e incríveis que nos deixam estupefatos. A luta entre as diferentes frações dentro do governo de extrema direita liderado por Bolsonaro mudou de tom. Começou a zoação. Um dos líderes da ala militar partiu para a zombaria, mas errou feio. Errou grosseiramente. O general Villas-Bôas fez uma provocação e denunciou que Olavo de Carvalho seria um Trotsky de direita. A repercussão foi grande. Conseguiu disparar a procura no Google por Trotsky. Mas comparar o Rasputin do bolsonarismo com o revolucionário internacionalista, mártir da luta contra o capitalismo e o stalinismo, só que de signo invertido, foi injusto com Trotsky. Portanto, paradoxalmente, agigantou Olavo de Carvalho em vez de diminuí-lo. Não, Olavo de Carvalho não tem, nem remotamente, a estatura de Leon Trotsky. Independentemente da opinião que se possa ter sobre suas posições, Leon Trotsky é reconhecido, amplamente, muito além das fileiras dos militantes que lutam pela Quarta Internacional, e mesmo da esquerda em geral. Foi um dos maiores líderes da revolução russa, um teórico criativo de mente irrequieta, um orador de imensa potência, um escritor brilhante com estilo elegante e um líder abnegado com irrefutável grandeza de caráter. Dizem os testemunhos dos contemporâneos que tinha uma personalidade firme, porém, agregadora, um temperamento enérgico, porém, equilibrado, uma atitude intensa e altiva, porém, amigável. Trotsky foi um revolucionário gentil, um homem com gigantesca força e grandeza moral que lutou em tempos terríveis, e teve que tomar decisões terríveis. Não era infalível. Ninguém é infalível. Mas se elevou acima da imensa maioria dos marxistas de sua geração. Enquanto existirem homens e mulheres engajados na luta contra o capitalismo, Trotsky estará presente entre nós, e sua memória será honrada. O que define as intervenções de Olavo de Carvalho é o primarismo brutal que substitui, sistematicamente, argumentos por insultos, O extremismo delirante da defesa da contrarrevolução permanente não faz de Olavo de Carvalho o contrário de Trotsky. O líder intelectual da corrente neofascista merece ser comparado com Rasputin. Um excêntrico messiânico. Um maluco.
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.