Parem de usar o termo identitarismo em vão! – Por Julian Rodrigues

Não há socialismo sem feminismo. Não há batalha anticapitalista que não seja antirracista e libertária. Nossa luta não é por representatividade. É pela emancipação humana!

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Uma parte da esquerda brasileira se porta como a vanguarda do atraso: estigmatiza e despreza a luta pela emancipação humana

Não tem projeto socialista que não seja feminista, antirracista, libertário, calcado nos direitos humanos, nas liberdades individuais, nos direitos sexuais e reprodutivos.

Mas, dia sim, dia não, temos que “corrigir” os companheiros e companheiras que se reivindicam comunistas, socialistas etc. Mas, não sabem que o patriarcado, a cis-heteronormatividade, o racismo estrutural são componentes indissociáveis do capitalismo.

Tem uns homens brancos heteros de esquerda (sorry, mas é assim mesmo) que chamam a luta feminista, antirracista, pelos direitos sexuais e reprodutivos, de “pauta identitária”. Não entenderam nada. Nadica de nada.

Não há socialismo sem feminismo. Não há batalha anticapitalista que não seja antirracista e libertária. Nossa luta não é por representatividade. É pela emancipação humana!

Rodrigo Perez, em artigo crítico à ação de Paulo Galo ao liderar à queima da estátua de Borba Gato atribui tudo ao “identitarismo”.

Eu não sei o que Rodrigo entende pelo termo. Nem vou entrar aqui no complexo debate sobre a ação do grupo “Revolução Periférica”.

Mas, o artigo de Perez merece violenta contestação. Além de superficial, atribui à Galo, um “identitarismo”, que seria a base para a queima da estátua. Não entendi o que uma coisa tem a ver com outra. Sério.

Contudo, não poderia deixar de registrar aqui o profundo equívoco do artigo de Rodrigo. A começar por essa coisa de dizer que “identitarismo” explicaria as ações e motivações do grupo.

E pior: ao dizer que “identitarismo militante” é a causa de todos males.

Até concordo com outras ideias do artigo de Rodrigo Perez. Mas, não dá para “passar pano” nessa campanha de linchamento da “pauta identitária”. Que aliás, não é a dos movimentos LGBTI, negro e feminista. Queremos reconhecimento e redistribuição. Queremos uma outra sociedade.

Vamos debater melhor o tema.

**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.