Pior mês da pandemia: novas variantes e um país devastado – Por Alexandre Padilha

Se o Executivo federal tivesse contratado as vacinas oferecidas e adquirido imunizantes suficientes, certamente não estaríamos neste cenário caótico.

Foto: Prefeitura Municipal de Maringá.
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A notícia mais preocupante desta semana foi a descoberta de uma possível nova variante da Covid-19 em Sorocaba, município do interior de São Paulo. O governo do estado anunciou que o vírus registrado é parecido com a variante encontrada na África do Sul, o que intriga, já que o paciente não apresentou histórico recente de viagem ou contato com pessoas do país, desencadeando a possibilidade dessa variante ser uma mutação da brasileira P1.

O Brasil se transformou no maior terreno fértil do mundo para criação de novas mutações da Covid-19, podendo ser cada vez mais grave, com maior taxa de transmissão e algumas mais resistentes às vacinas que já existentes.

Infelizmente, aquilo que temíamos e anunciamos no fim de fevereiro se tornou realidade: março foi o mês mais letal da pandemia no Brasil, um verdadeiro terror, com crescimento de casos e óbitos da doença no país inteiro.

Estamos batendo recordes diários na média móvel de óbitos, com mais de três mil mortes registradas em 24 horas, quase chegando a quatro mil. O descontrole está instaurado por falta de medidas concretas e eficazes na prevenção.

O que está acontecendo no país é irresponsabilidade de governantes omissos, que tem como Bolsonaro o porta-voz do negacionismo, ao tentar implantar constantemente uma política de morte no país.

O genocídio em curso só será contido com vacinação para todos e todas já. Precisamos de um planejamento robusto para assegurar a vacinação priorizando, inicialmente, a população mais vulnerável, profissionais de Saúde, idosos, pessoas com deficiência e com comorbidades, profissionais de serviços essenciais e da Educação, mas também que assegure, no menor prazo possível, a vacinação para toda a população brasileira.

Precisamos comprar e liberar o uso emergencial de todas as vacinas comprovadamente eficazes e já com uso aprovado em outros países, pois só assim salvaremos vidas e recuperaremos a economia. Além de mais vacinas, é preciso garantir renda para que as pessoas não necessitem se expor à contaminação da doença e assegurar apoio – crédito e tranquilidade – para pequenos e médios empresários.

O Brasil, na pandemia de H1N1 vacinou mais de 80 milhões de brasileiros em três meses. Se tivéssemos repetido esta campanha de vacinação, já teríamos imunizado todo o grupo prioritário e evitado milhares de mortes.

No ano passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) ofereceu 138 milhões de doses através do consórcio Covax Facility e o Brasil aceitou o recebimento de apenas 46 milhões. O governo brasileiro precisa exigir a revisão do contrato, corrigindo um erro absurdo de Bolsonaro e que gerou milhares de mortes, para que possamos aumentar e aproveitar toda a oferta. Se o governo não quiser tomar esta atitude, temos que fazer apelo mundial à OMS.

Se o Executivo federal tivesse contratado as vacinas oferecidas e adquirido imunizantes suficientes, certamente não estaríamos neste cenário devastador da pandemia.

**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.