Quem ganha e quem perde com a privatização do Complexo do Ibirapuera? – Por Adriana Mendes

Em 2010, o Ginásio passou por uma reforma e foram gastos R$ 30 milhões com as obras e sete anos depois o então governador Geraldo Alckmin (PSDB) lançou o edital de concessão, que avança agora sob o governo de João Doria

Foto: Revista Projeto (Reprodução)
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Em dezembro do ano passado a privatização do Complexo Esportivo do Ibirapuera foi suspensa pela Justiça de São Paulo, por liminar que paralisou o edital, após uma ação popular, assinada e protocolada por especialistas e atletas. Muitos desses atletas fazem parte do Esporte pela Democracia, movimento também integrado por jornalistas e artistas, que pretendem impedir a demolição do Conjunto Esportivo Constâncio Vaz Guimarães. A proposta do governado do Estado é transformar nosso patrimônio em shopping center, com lojas, restaurantes, hotel e arena multiuso. E o complexo aquático se transformaria em estacionamento.

Nadei muitos campeonatos paulistas naquela piscina, tentei saltar algumas vezes do trampolim de saltos (o “tanque”, que também servia para o aquecimento), torci muito daquelas arquibancadas e muitos projetos de incentivo e promoção do esporte de base aconteceram lá. Não vejo sentido em destruir uma piscina e construir um estacionamento num mundo que precisa de mais água e menos carros.

Em 2010, o Ginásio passou por uma reforma e foram gastos R$ 30 milhões com as obras e sete anos depois o então governador Geraldo Alckmin (PSDB) lançou o edital de concessão, que avança agora sob o governo de João Doria. Numa matemática tosca, dividir esses R$ 30 milhões entre os habitantes da cidade, não dá 2 reais para cada um. Quanto vale a formação de atletas, o saudável desenvolvimento físico, mental e social de crianças e jovens?

Quem ganha e quem perde com essa privatização?

Esse será o tema de um debate que vou mediar amanhã, 28 de setembro, às 18h, pelo Instagram do Esporte pela Democracia - @esportepelademocracia) , com a presença de alguns integrantes do grupos como o nadador Ricardo Prado (que me inspira desde 1982, quando foi recordista mundial nos 400m nado medley, numa prova inesquecível que fiquei rouca na torcida e chorei no final) , a jogadora de vôlei Vera Mossa, titular absoluta da seleção brasileira, que participou de três Jogos Olímpicos, abrindo um lindo caminho para o vôlei feminino do País e a esgrimista Maju Herklotz, por 12 anos da seleção brasileira, atleta olímpica em Atenas (2004).

Vamos falar da história do Ibirapuera e seu Complexo Esportivo, cheio de conquistas e vitórias, os projetos e sonhos para promover o esporte de base no espaço e desse movimento que luta pela sua manutenção e contra sua privatização.

Maria Julia Herklotz (Maju) é arquiteta e mestranda pela USP, esgrimista da equipe brasileira de 1996 a 2008 e atleta olímpica em Atenas 2004. Maria Julia Herklotz (Maju) é arquiteta e mestranda pela USP, esgrimista da equipe brasileira de 1996 a 2008 e atleta olímpica em Atenas 2004.

Ricardo Prado é campeão e recordista mundial e vice campeão olímpico de 400m medley. Diretor de desenvolvimento da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos e Gerente de Esportes Aquáticos no Comitê Organizador Rio 2016.

Vera Mossa, atleta olímpica de vôlei, participou de três jogos olímpicos: 1980, 1984 e 1988. Esteve também no Mundialito de 1982 no Ginásio do Ibirapuera.