Quem sabe faz a hora - por Juca Ferreira

A gravidade da crise entre Bolsonaro e o STF impõe uma manifestação dos segmentos democráticos da sociedade à essa ofensiva da extrema direita contra os tribunais

Foto: Redes Sociais
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O Brasil está acompanhando essa crise entre Bolsonaro e seguidores e o STF.

Essa crise não pode ser considerada um simples atrito momentâneo e dentro do padrão de normalidade da relação entre os poderes.

As declarações e hostilidades de Bolsonaro e apoiadores deixam claro que se trata de uma tentativa de criar no país um ambiente propício a um golpe branco e um processo de domesticação das instâncias superiores da justiça brasileira.

Bolsonaro está se enfraquece, perde apoio na sociedade, fica muito exposto e tudo caminha para uma inviabilização política desse governo.

Para poder estancar a sangria e manter as condições de continuar governando, Bolsonaro e seus acólitos estão buscando a cumplicidade das instâncias superiores do judiciário para encobrir os processos de corrupção, a irresponsabilidade diante da pandemia e o agravamento da crise econômica, social e sanitária que o país está vivendo neste momento. Querem neutralizar todo o judiciário, a exemplo do MPF, incapaz hoje de ter uma atitude digna.

Essa crise não pode ser encarada como uma simples “briga de branco”, usando a expressão popular na Bahia, porque ela terá sérias repercussões no desdobramento da atual conjuntura. Toda a sociedade será afetada se Bolsonaro for bem sucedido.

Sem perder de vista que a cúpula do judiciário teve um comportamento errático e uma participação ativa no processo golpista que o país está vivendo.

A gravidade da crise impõe uma manifestação dos segmentos democráticos da sociedade à essa ofensiva da extrema direita contra os tribunais, a transparência e as normas democráticas. Os juízes não parecem ter capacidade para enfrentar essa pressão sozinhos e essa ofensiva está só começando.

Nas próximas semanas tenderá a se intensificar, com a possibilidade de participação de setores das forças armadas e, brevemente, teremos também manifestações de segmentos como caminhoneiros contra a ordem jurídica.

É urgente a manifestação da sociedade, dos partidos, das forças democráticas e da sociedade organizada.

Tudo nessa ofensiva pode não passar de um blefe. Mas, não vale à pena pagar para ver.

E assumir uma posição firme, fortalece e politiza a sociedade, impede que cúmplices, até hoje, deste golpe em marcha no Brasil assumam a liderança do país e uma posição firme da sociedade ajuda a isolar os golpistas e a extrema direita.

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