O Rei Sadim: Midas ao contrário – Por Chico Alencar

Pois não é que no Brasil, em pleno século XXI, chegou à Presidência um antiMidas? Tudo em que o cidadão toca vira m***a, podridão, intriga

Jair Bolsonaro | Foto: Alan Santos/PR
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É conhecido o mito grego clássico do Rei Midas. Tudo em que ele tocava virava ouro.
Pois não é que no Brasil, em pleno século XXI, chegou à Presidência um antiMidas? Tudo em que o cidadão toca vira m***a, podridão, intriga.
Sadim é Midas ao contrário. Sadim é sádico.
No seu projeto de destruição, a economia tem à frente um "Posto Ipiranga" desabastecido e sem função, que só entrega falta de planejamento, desemprego, inflação e descompromisso com a maioria da população.
Na Saúde (que está no quarto ministro!), enfrenta-se a maior crise sanitária da história da Nação, com negligência, “fake news”, negacionismo e omissão.
Na Educação (está no terceiro ministro, sem contar um indicado que tinha diploma falso e, por isso, não assumiu), é só corte de verba, estrangulamento da pesquisa, privatismo, obscurantismo, censura. A pedagogia libertadora é tida como adversária e os insistentes ataques à autonomia universitária se sucedem.
No Meio Ambiente (do tal Salles defenestrado por envolvimento com extração ilegal e contrabando de madeira, mas que continua empoderado) celebra-se o desmonte da fiscalização, a redução das multas e o aumento do desmatamento. Tem cabimento?
Como em todas as áreas, o "toque de Midas" ao contrário aparece, o Secretário de Cultura odeia a Cultura.
O presidente da Fundação Palmares a afunda no racismo e entra pela porta dos fundos da História ao dizer que "o movimento negro é uma escória".
A Funai, desmilinguindo, transforma-se em Funerária Nacional do Índio.
A Casa da Moeda do Brasil está oferecida a preço vil. Ao que parece até mesmo nosso dinheiro vai passar a ser impresso fora do país.
O Arquivo Nacional é obrigado a arquivar no silêncio - um absurdo! - o seu acervo público.
E o combate à corrupção, bandeira de campanha do Sadim? Ah, essa está sob os cuidados do Centrão, ensaios de negociata com vacina, blindagem da "famiglia", "naturalização" da compra de mansão… Só falta chamar o general Heleno para fazer o fundo musical cantando “se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão…”
Na lenda grega, o rei torna-se vítima de sua ambição: até a fruta do quintal palaciano vira ouro, e ele não tem o que comer… Decide se afastar do poder e da Corte, voltando à vida simples no campo.
Sadim, faça um favor ao País. Imite o Midas, ao menos no final de sua vida!
O Brasil agradeceria.

**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.