Sindicatos estimulam e são referência em candidaturas negras nas eleições 2020

Nessas eleições municipais mais de dois mil candidatos e candidatas à prefeitura e à câmara municipal são provenientes da classe trabalhadora organizada, considerando apenas candidaturas petistas das centrais sindicais.

Marcha das Mulheres Negras, na orla de Copacabana (Foto Fernando Frazão/Agência Brasil)
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No mundo todo, os trabalhadores acumulam uma longa história de lutas. A classe trabalhadora faz política no dia a dia quando luta por melhores condições de vida e trabalho. Mas durante muito tempo os trabalhadores foram alijados da política institucional.

Na primeira Constituição brasileira de 1824 para se ter direito ao voto era preciso ter terra, renda. As mulheres só conquistaram o direito ao voto no segundo quartel do século XX e os analfabetos, apenas depois da Constituição de 1988.

Os trabalhadores se organizam e lutam pelo direito de eles próprios representarem  a classe trabalhadora nas instâncias institucionais dos poderes legislativo e executivo. Em 2002, o Brasil elegeu seu primeiro presidente operário e sindicalista, Luiz Inácio Lula da Silva. Lula é oriundo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC,  da Central Única dos Trabalhadores- CUT e do Partido dos Trabalhadores- PT.

 A eleição e os governos de Lula inspiraram os trabalhadores organizados a continuar esta disputa. Temos governadores oriundos de sindicatos, temos congressistas que foram lideranças sindicais, temos prefeitos/as, vereadores, deputadas e deputados estaduais.

Eleições 2020:  representantes sindicalistas são majoritariamente negros
Nessas eleições municipais mais de dois mil candidatos e candidatas à prefeitura e à câmara municipal são provenientes da classe trabalhadora organizada, considerando apenas candidaturas petistas das centrais sindicais. São dirigentes sindicais de base, que sabem que governar e legislar para a classe trabalhadora, portanto, para a maioria da população,  é buscar soluções coletivas, buscar consensos e melhorar o conjunto da sociedade.

Só em Minas Gerais a “Bancada do livro” - candidatos e candidatas trabalhadores da educação - tem cerca de 100 candidaturas. A cidade de Mario Campos tem uma candidata professora à prefeitura da cidade, filiada ao SindUTE-MG, base da CUT, com chances reais de vitória.

A população negra no Brasil corresponde a 55% da população e também forma a maioria da classe trabalhadora. Em 2019, no último congresso da CUT, os delegados negros formavam maioria: 49,5% dos delegados sindicais se declararam  negros de acordo com  as definições do IBGE,  41,4% brancos, 1,2% indígenas, 5,7% asiáticos. No entanto, mesmo sendo maioria, a população negra é sub-representada nos espaços de poder.

Analisando uma listagem parcial de candidaturas do PT de base sindicalista de todos os estados brasileiros, realizada pelo Setorial Sindical do partido, para estas eleições municipais, é expressivo o número de candidatos e candidatas que se declaram pretos e pardos. Nesta listagem prévia de 200 candidatos e candidatas, a proporção de candidatos negros oriundos de sindicatos em relação aos candidatos/as sindicalistas brancos é de três para um.

De acordo com Paulo Cayres, dirigente da CNM- CUT e secretário nacional do Setorial Sindical do PT, "o partido trabalhou e estimulou candidaturas negras, isso explica o número expressivo dessas candidaturas".

As candidaturas femininas da base sindical representam 40%. A maioria dos candidatos ainda é formada por sindicalistas do sexo masculino.