Dinossauro
Dinossauro, sei que sou. E não me importo.
Ser velho de esquerda, coisa do passado.
É o que diz velho direitista safado.
Sou sim, de esquerda e assim me comporto.
**
Seja atual, moderno, a isso te exorto,
Insiste esse tipinho se achando gozado,
Fazendo piadinha porque sou aposentado.
Ô, tipinho de bosta que não suporto!
**
Sim, dinossauros se extinguiram em outra era,
E acham que ser um deles é coisa insensata.
Ser sobrevivente deles é uma quimera.
**
Mas gosto dessa quimera e não é bravata.
E saiba você, direitista, que se julga fera
Que o bicho que a tudo sobrevive é barata.
**
De faz tudo a faz nada
Candidato é bom até o dia da eleição
Muitas verbas para a saúde ele jura,
Assim como para transporte e para cultura.
Muitos empregos e grana para educação.
**
Juras e mais juras, juras em vão.
Eleito, ele logo muda de postura.
Promessa dele vira fumaça, não perdura.
E a tudo que dizia sim passa a dizer não.
**
Não consigo fazer nada, ele reclama.
Diz que as finanças estão no fundo do poço.
Sobre as agruras do cargo faz um drama.
**
? Faço o que posso, mas só levo chumbo grosso.
Chora dizendo que o cargo é uma disgrama,
Mas quer ser reeleito. Não quer largar o osso.
**
Para Carlos, e seu Anjo Gauche
Perdi o bonde e a esperança, disse Drummond.
Bonde já não existe mais, esperança ainda resta.
Um dia, perto ou distante, a gente sai desta
E faz desta porra de país um lugar bom.
**
Por enquanto, o terraplanismo está dando o tom
Mas um dia acabará essa praga que o Brasil infesta.
São muitos os babacas, essa turma da mulesta”,
E, por enquanto, não podemos desejar “tudibom”.
**
Mas vamos sonhando e agindo, grande poeta de Itabira.
No lugar do bonde: ônibus e trem. E com a certeza
De que a esperança será achada por quem o admira.
**
Negacionistas que olham para nós fazendo mira
Haverão de ir desta lá na profundeza,
E festejaremos alegres cantando a sua, a nossa lira.