“Terramarear”, de Tiago Araripe, chega às plataformas digitais com jeito de clássico

Cantor e compositor cearense lançado no cenário nacional durante a vanguarda paulistana chega ao seu terceiro álbum com várias parcerias e participações

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Chega às plataformas digitais “Terramarear”, o lindo álbum transoceânico do cearense Tiago Araripe. São dez canções do autor já disponibilizadas, além de outras quatro inéditas, entre elas uma parceria nova com Zeca Baleiro e outra com Marcos Lessa, que farão participação especial no disco, além de canção inédita feita com Rogério Franco.

A gestação e nascimento do álbum foram devidamente acompanhados por esta coluna. São belas canções lançadas aos poucos que revelam, sobretudo, a rota de vida que seguiu o autor, desde Crato, no Ceará, passando por Recife, São Paulo e Fortaleza, até a vila do Bombarral, em Portugal, onde passou a morar desde 2018.

Capa de “Terramarear”. Foto: Reprodução

Tiago Araripe foi lançado para o cenário nacional em 1982, com o LP “Cabelos de Sansão”, pelo selo Lira Paulistana. Uma “superprodução independente” que se tornaria um “clássico alternativo”. O disco ganhou reedição em CD, em 2008, pelo selo Saravá Discos, do cantor e compositor maranhense Zeca Baleiro, que se tornou seu parceiro.

Em 2012, Tiago lançou o disco “Baião de Nós”, com participação de Baleiro. “Terramarear” chega, portanto, em um intervalo bem mais breve do que o anterior.

“Terramarear”, conta com as vozes da pernambucana Isadora Melo, da alentejana Mara e da paulistana Vânia Bastos, além do violão e da parceria de Nonato Luiz. Na direção musical das canções estão Juliano Holanda, Walter Areia, Cristiano Pinho, Adelson Viana, Tahina Rahary, Pablo Romeu, Caio Castelo e Jefferson Portela.

Das inéditas, “Você é um Oasis”, parceria de Tiago com Zeca Baleiro, abre o álbum. Com letra do primeiro e melodia do segundo “meio Cabo Verde”, segundo ele, a canção tem poder de sedução pra chamar o ouvinte mar adentro.

“Casa Cheia” foi composta em parceria com Rogério Franco e é um ijexá, ritmo nogeriano/baiano, que fala sobre o isolamento social. A melodia vibrante contrasta com a melancolia da letra, com um refrão forte e revelador: “casa cheia de nossa presença, casa cheia de tanta esperança”.

Logo a seguir, “Meus Para-Choques”, em parceira com Marcos Lessa, é, de acordo com os autores, “vagamente inspirada nas frases de para-choques de caminhão”. Uma das mais bem-humoradas do álbum, é uma chacoalhada canção que brinca de dizer coisas através das mensagens repletas de clichês.

A outra das quatro inéditas é “Calar pelos cotovelos”, a única composta apenas por Tiago e nos remete às suas canções do álbum “Cabelos de Sansão”. Nela, o tom prosaico inconfundível do autor é retomado: “Quantas palavras são necessárias pra calar quem fala demais”.

Vale ressaltar em “Terramarear” a grande variedade musical, maneiras de compor, interpretar, arranjos profusos, enfim, as muitas formas que existem dentro da música de Tiago Araripe.

Vale também um destaque pessoal para a linda “Lugar ao sol”, premiada em segundo lugar no Festival da Música de Fortaleza, em dezembro de 2020, na interpretação da cantora cearense Luiza Nobel. Aqui ela é cantada em dueto com Vânia Bastos, um dos grandes momentos de um álbum com jeitão de clássico.