Traumatismo ucraniano – Por Lelê Teles

Daniel Silveira ganhou os holofotes durante as raves cívicas, quando apareceu rasgando uma placa de rua que homenageava a ex-vereadora assassinada Marielle Franco

Rodrigo Amorim e Daniel Silveira quebraram placa de Marielle em comício | Foto: Redes Sociais
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Encontra-se preso, provisoriamente, o brucutu arruaceiro que ameaçou espancar um ministro da Suprema Corte com um gato morto.

Veja você.

Tudo indica que o porralouca deixará o cárcere em breve e amargará uma domiciliar.

Negacionista raiz, o sujeito será obrigado a confinar-se em casa, preso pelo tornozelo, como um papagaio doméstico.

Furibundo e cuspidor de marimbondos, o sicofanta era um bajulador do presidente e andava a conspirar com outros midiotas celerados um plano delirante de ucranizar o Brasil.

É que em 2014, um bando de neonazistas ucranianos, armados até os dentes, iniciou um protesto gigante pelo país, que provocou ruptura institucional e desordem civil, culminando na invasão do parlamento.

O desfecho foi a eleição de um palhaço para dirigir o país.

Por aqui, por enquanto, as pretensões ucranizantes continuam no campo da bravata e do delírio, mas já tivemos um palhaço fantasiado de presidente às portas do Alvorada a afrontar jornalistas.

Sara Giromini – sim, já nos esquecemos dela – também andou a fazer ameaças urcranizadoras num passado recente.

Tal qual o deputado preso, Sara propunha uma ruptura institucional, montou uma ganguezinha, afrontou magistrados, ameaçou sair na porrada com um deles e, veja que fuleiragem, cuspiu fogo sobre o palacete do STF, soltando rojões no teto da Suprema Corte.

Por essa insolência, Giromini teve como punição a tranca, as chineladas na bunda, o adereço no tornozelo e a lata de lixo da história.

Tudo indica que o troglodita bolsonarista terá o mesmo destino.

Daniel Silveira ganhou os holofotes durante as raves cívicas, quando apareceu rasgando uma placa de rua que homenageava a ex-vereadora assassinada Marielle Franco.

Ao invés de ser punido pelo ato de vandalismo, foi agraciado com um mandato parlamentar.

De lá pra cá, com esse salvo-conduto, não tem feito outra coisa a não ser desonrar o cargo, vomitar ódio e preconceitos e afrontar a lei.

Outro dia foi expulso de uma aeronave por se recusar a usar uma máscara.

Deputado pra lamentar, Daniel acaba de quebrar o decoro ao gravar um vídeo ameaçando, nominalmente, os juízes da Suprema Corte, desafiando os magistrados, zombando da justiça e arvorando-se o novo porta-voz da ucranização tupiniquim.

Silveira jogava pra plateia. Bajulador, fazia coro ao general insolente que zombou de um magistrado e ficou de Boas.

Daniel achou que teria a mesma sorte.

Acreditou que os magistrados, tal qual a professora de Mianmar, ficariam dando aulas de aeróbica na TV enquanto os patifes tomavam o poder de assalto; deu com os burros n’água.

Aproveitando-se do privilégio branco, Silveira ainda gravou outro vídeo, com a PF dentro de casa, reiterando as ameaças.

Ao chegar ao IML, ainda sob o manto do privilégio branco, desacatou autoridades e disse ser conhecedor da “porra da lei”.

Tudo isso calculadamente filmado por um auxiliar, para mostrar aos seus seguidores que ele é um sujeito destemido, temido e valentão.

Disse já ter sido preso mais de 80 vezes e que não tem medo de coisa alguma.

É fácil dizer isso usando um terno apertado e escondendo-se atrás de uma imunidade parlamentar.

Lembremos que Sara Giromini também era rabugenta, falastrona, garganta e intimidadora e hoje anda silente, sorumbática, rabo entre as pernas.

O raio ucranizador parece que saiu pela culatra.

Palavra da Salvação.

*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum?