Turnê "Circo da Demência" já tem data no Brasil: 2022. Vai ser um estouro

Somos reféns. A diarreia ideológica do entulho humano de desajustados de mau-caráter está pronta e não vai dar pra segurar. Show de horrores de ontem, em Washington, é só uma amostra do que teremos aqui

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Aquilo a que assistimos paralisados ontem (6), ao vivo de Washington, capital dos EUA, é apenas o resultado concreto e objetivo da naturalização com a qual a sociedade (não só de lá, mas mundo afora) vem tratando a horda de ratazanas que de um tempo para cá apareceu em todos os cantos, a quem insistem em classificar como um grupo político comum, como qualquer outro.

A caterva, formada por gente vestida com fantasias patéticas, fardas e adereços militares (muitos encapuzados) simplesmente resolveu invadir o Congresso norte-americano durante a sessão de validação da vitória eleitoral de Joe Biden. Destruíram tudo, ameaçaram parlamentares e levaram caos à nação mais rica e poderosa da Terra. A brincadeirinha dos lunáticos rendeu toque de recolher, acionamento da Guarda Nacional e deixou quatro mortos.

Alimentada por teorias conspiratórias risíveis, que vão de uma imaginária eleição fraudulenta até uma confraria de pedófilos comunistas que domina o mundo, essa turba de fanáticos cegos, delirante de admiração por um canalha como Donald Trump, mostrou como vão ser as coisas daqui para frente no Ocidente se não fizermos o que eles querem.

No Brasil a coisa segue a mesma linha e com alguns agravantes. Naturalizamos e colocamos no seio da sociedade (e para dentro dos palácios e casas legislativas) uma legião de sociopatas que quer o direito de mentir abertamente e de propagar todo tipo de aberração irracional e imoral.

No nosso caso, para piorar, temos as Forças Armadas e as polícias completamente de quatro e rastejando por esses alucinados. Não haverá contraponto físico para impedi-los de reproduzir aqui o que vimos ontem nos EUA. E o pior: Jair Bolsonaro disse hoje a correligionários que não aceitará qualquer resultado que não seja sua vitória em 2022 e que quer votação com cédulas de papel, se não fará o mesmo por aqui.

Não é suposição, nem ilação, tampouco hipótese. É uma afirmação, vinda do próprio presidente da República e líder dessa insanidade na qual somos obrigados a viver.

Os estúpidos e incautos aceitaram a ideia de que é normal e politicamente natural conviver com pessoas que defendem o assassinato de mulheres, o extermínio de gays, que querem distribuir armas para todos, que criminalizam e humilham professores, que acham que a Terra é plana, que acreditam num complô soviético-chinês encabeçado pelo Doria para implantar chips na população, que vacina tem HIV e que remédio pra piolho cura doença viral respiratória.

Não há um só dia em que não me questione como foi possível um homem tão rasteiro e repugnante, um mentiroso contumaz, ter sido eleito para chefiar o Brasil.

Um sujeito biltre que incentiva a tortura, que faz piadas idiotas com a ciência, que ri de brasileiros mortos na pandemia, que tem fala confusa e QI de plâncton, que passa o dia gritando e xingando todo mundo, não pode ser naturalizado. Tê-lo aceitado como um ser humano qualquer, como todo mundo, é justamente o que nos impõe esse preço caríssimo e amargo dos dias presentes.

Somos reféns. A diarreia ideológica do entulho humano de desajustados de mau-caráter está pronta e não vai dar pra segurar. O show de horrores de ontem, em Washington, é só uma pequena amostra do que teremos aqui.

Ao que tudo indica, é uma tragédia inevitável. Agora é tarde para drenar o chorume que contaminou todas as camadas sociais. Encontramos adeptos dessa psicose desde os bolsões de pobreza das metrópoles e dos sertões afastados até os carrões dos ricaços magnatas. A visão de mundo escrota e caótica do extremismo fascista repaginado é uma realidade que não poderá ser diluída em menos de dois anos.

O lance é sentar e assistir à devastação.