Twitter remove publicações de Malafaia, incluindo vídeo sobre vacinação em crianças

Pastor bolsonarista associava a vacinação contra a Covid em crianças a assassinato, o que configura fake news e fere as regras do Twitter. Agora, usuários cobram a derrubada do perfil

O pastor Silas Malafaia (Foto Reprodução/Twitter)
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O Twitter removeu as publicações mais recentes do pastor bolsonarista Silas Malafaia, incluindo uma que chamava a vacinação contra a Covid-19 em crianças de “infanticídio”. Mais de 10 publicações de Malafaia aparecem como indisponíveis nesta terça-feira (11) em seu perfil oficial.

Nesta segunda-feira (10), a hashtag #DerrubaMalafaia foi para a lista de assuntos mais comentados do Twitter no Brasil com usuários cobrando a retirada do vídeo. Agora, internautas pedem que a rede social remova o perfil inteiro do pastor por espalhar notícias falsas.

"O @TwitterBrasil finalmente tomou uma atitude e excluiu o tweet absurdo do pastor Silas Malafaia por violação das regras, mas sabemos que pode ser mais. Ele já violou em várias oportunidades. Queremos #DerrubaMalafaia", escreveu o perfil “Desmentindo Bolsonaro”.

https://twitter.com/desmentindobozo/status/1480724409388355584?s=20

Seguindo a narrativa de Jair Bolsonaro (PL), Malafaia postou um vídeo em que, além de associar a vacinação infantil a assassinato, afirma que não existiram casos suficientes de Covid em crianças a ponto de se necessitar de uma campanha de imunização para este público. O pastor, no entanto, omitiu que cerca de 2,5 mil crianças morreram de Covid no Brasil durante a pandemia.

O Twitter, em suas regras, veda não só a divulgação de fake news, como fez Malafaia, como também possui uma política específica voltada para publicações relacionadas à Covid-19.

“Conteúdo que seja comprovadamente falso ou enganoso e que possa causar risco significativo de danos (como aumento da exposição ao vírus ou efeitos adversos sobre os sistemas de saúde pública) não pode ser compartilhado no Twitter. Isso inclui compartilhar conteúdo que induza as pessoas ao erro quanto à natureza do vírus COVID-19; eficácia e/ou segurança de medidas preventivas, tratamentos ou outras precauções para mitigar ou tratar a doença; regulamentos oficiais, restrições ou isenções relativas a orientações de saúde; ou prevalência do vírus ou risco de infecção ou morte associados à COVID-19”, diz a rede social.

Vacina em crianças é necessária e segura

Apesar da resistência do governo Bolsonaro, o Brasil deve iniciar a vacinação contra a Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos, com imunizante da Pfizer, neste mês de janeiro.

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso da vacina da Pfizer em crianças no mês de dezembro e há a expectativa da Coronavac ser utilizada com o mesmo fim. A aprovação se deu após análise rigorosa dos técnicos da agência e seguiu os passos de outros países, como Estados Unidos, Canadá e inúmeras nações da União Europeia.

Em 24 de novembro do ano passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um parecer em que defende a vacinação infantil. “Existem benefícios em vacinar crianças e adolescentes que vão além do direito à saúde. A vacinação diminui a transmissão de Covid nessa faixa etária e pode reduzir a transmissão de crianças e adolescentes para adultos mais velhos, o que pode ajudar a reduzir a necessidade de medidas de mitigação nas escolas”, diz o documento.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) também defende a imunização contra a Covid em crianças de 5 a 11 anos.

“A menor gravidade da covid-19 em crianças quando comparada com adultos fez com que, infelizmente, houvesse uma subestimação da sua real carga neste grupo etário. Os estudos com a vacina de RNAm da Pfizer demonstraram que a doença e suas complicações são passíveis de prevenção, inclusive em adolescentes e crianças. Aumentar o universo de vacinados oferece além da proteção direta da vacina, possibilidade de redução das taxas de transmissão do vírus e das oportunidades de surgimento de variantes”, diz documento da SBP divulgado na última semana.