Em live promovida pela Associação Profissional dos Técnicos Cinematográficos do Rio Grande do Sul (APTC-RS), no último dia 3 de julho, a produtora Luciana Tomasi fez um comentário racista quando o grupo de cineastas convidados discutia sobre o filme "Inverno", de 1983.
Tomasi tentou justificar a pouca presença negra em filmes gaúchos por com a descendência dos cineastas: "Você está falando com um Schünemann, com uma Tomasi, uma Adami, um Gerbase... Não adianta a gente tentar fazer um filme da senzala". Ela ainda comentou sobe sua própria origem. "Inclusive, eu tenho sangue francês. Não adianta, cada um faz da sua história", disse. O comentário, assim como a reação dos participantes, tem sido criticado nas redes pelo seu teor racista.
Mariani Ferreira, enquanto única cineasta negra presente no encontro, respondeu Tomasi comentando sobre a pouca representatividade das pessoas negras no cinema gaúcho. "Ao mesmo tempo que Porto Alegre é a Porto Alegre dos Tomasi, do Gerbase, da Adami, também é a Porto Alegre de Oliveira Silveira, aonde nasceu o 20 de novembro", comentou.
Ferreira continua: "É bem triste dizer que não se faz filme de senzala em Porto Alegre. Se faz filme de senzala, esse filme é filme de casa grande, porque a gente vê uma representação extremamente branca".
Após as críticas, a APTC tirou o vídeo do ar e postou o conteúdo novamente com o aviso: "Este vídeo contém falas de cunho racista". Além disso, a instituição publicou uma nota afirmando que "deveríamos ter nos posicionado de maneira mais firme", resposta considerada insuficiente por muitos internautas. "Estamos repensando o formato do projeto para que situações de violência com esta não se repitam", diz a nota.
Mariani também compartilhou, em seu Instagram pessoal, uma nota de repúdio divulgada pelo coletivo Mucamba Lab. "Nossa existência é muito maior do que apenas a história da dor que nossos ancestrais sofreram nas mãos dos europeus e seus descendentes", diz o texto. "É urgente que reflitamos uma narrativa que faça jus à grandeza da negritude, consideramos de suma importância lembrar e fazer lembrar que quem tem o hábito de colocar o negro em lugar de subalternidade nas telas é a branquitude."
Luciana Tomasi, por sua vez, pediu desculpas pela declaração. Confira abaixo.