Colunista liberal argumenta a favor de venda de órgãos e médico rebate

Coordenador de equipe de transplantes de órgãos escreveu: "É abjeta, nojenta, repulsiva a ideia de 'sair com um dinheiro no bolso'"

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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O termo "Venda de órgãos" amanheceu nos Trending Topics do Twitter nesta quinta-feira. Clicando na hashtag, descobre-se que o colunista da Folha de S. Paulo e economista liberal Joel Pinheiro estava explicando um texto antigo, publicado no site do Instituto Mises, onde defendia a venda de órgãos. Ele disse que hoje já mudou de ideia, mas explicou por que aprovava a prática.

"A ideia básica de um mercado de órgãos (não-vitais) é que, podendo vender, a oferta de órgãos seria muito maior, e isso reduziria drasticamente a fila dos transplantes, evitando muitas mortes. Além disso, a pessoa que vendeu o órgão sai com um bom dinheiro em mãos.", escreveu ele.

É um absurdo alguém vender um órgão? Ora, mas a gente aceita que a pessoa doe um órgão. Ou seja, que venda a preço ZERO. Se ela pode dar de graça, e não vemos problema nisso, pq é um problema permitir que, ao invés de sair de mãos vazias, ela ganhe com essa ação? 3/n

— Joel Pinheiro (@JoelPinheiro85) January 16, 2020

O economista, que é também filósofo, foi duramente criticado, até por alguns colegas liberais. O médico Pedro Carvalho Diniz, coordenador de uma equipe de transplantes em Pernambuco, respondeu a discussão, que acabou virando até piada, com argumentos sérios de porque seria um desastre, em um cenário de desigualdade social, liberar esse tipo de prática.   "Permitir que uma pessoa em fragilidade econômica possa se valer da venda de um órgão duplo (como rim) é, além de nefasto, submetê-la a um risco da própria saúde, imediato e futuro", escreveu o médico. "Uma pessoa em situação de fragilidade financeira não deve tomar decisões que possam prejudicá-la. É abjeta, nojenta, repulsiva a ideia de 'sair com um dinheiro no bolso' A doação assim se chama porque ela depende da vontade espontânea", arrematou Pedro.