Enquanto governo despenca, Bolsonaro insiste no Twitter em voto impresso

Medida é vista como cortina de fumaça do presidente e pretexto para tentar golpe caso perca eleição em 2022

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Alheio às inúmeras denúncias de propina envolvendo seu governo com a compra de vacinas, o presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) resolveu insistir, em sua conta do Twitter, na manhã desta quarta-feira (30), com o que ele chama de “voto distrital auditável”.

Como se habitasse outro planeta, Bolsonaro publica uma animação onde explica como é que funciona o modelo.

https://twitter.com/jairbolsonaro/status/1410197383397400581

Zé Dirceu

Em artigo publicado nesta quarta-feira, o ex-ministro José Dirceu afirma que o fim da narrativa sobre a corrupção e a possibilidade cada vez mais latente de perder as eleições em 2002 para Lula, fez com que Bolsonaro se voltasse à defesa do voto impresso e do discurso sobre a fraude eleitoral, agarrando-se “à sua base neopentecostal (cada vez menor), ao agronegócio e aos ruralistas de direita e a suas milícias organizadas, treinadas e armadas”. “Mas seu discurso perde apoio e legitimidade, sua máscara cai e deixa nu seu verdadeiro caráter”, afirma.

Voto eletrônico aboliu fraudes

Já o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), e também presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) listou motivos contrários à implantação do voto impresso nas eleições de 2022 no Brasil durante entrevista a Roberto D'Ávila, na GloboNews.

Barroso defendeu o processo eleitoral eletrônico, vigente no país desde 1996, e disse que o voto eletrônico "aboliu as fraudes".

"Se tem os de boa-fé que defendem [o voto impresso]; os que desconhecem o sistema; os que dizem que não precisa, mas não custa nada; e tem os de má-fé que querem criar confusão mesmo para poderem tentar melar o jogo e dar golpe", disse o ministro.

Entre os motivos que dificultam a implantação do voto impresso, Barroso citou o custo de R$ 2 bilhões para a mudança do sistema eleitoral brasileiro e o "inferno administrativo" de se fazer licitação para compra de 500 mil impressoras.

"Em terceiro lugar, há risco imenso de quebra de sigilo do voto, além do risco de judicialização". O presidente do TSE também citou o impacto na logística de 150 milhões de votos impressos que precisariam ser transportados para a apuração.

Barroso não quis comentar as críticas de Bolsonaro, e disse que sua vida "vai bem além do cercadinho". "Quanto às críticas, eu, como regra geral, não respondo. Eu cumpro a missão da minha vida, que é fazer um país melhor e maior. Eu não paro para bater boca, não me distraio com miudezas", disse.