O MAL DO SÉCULO XXI

Depressão supera a diabete no Brasil, diz pesquisa; confira os sintomas e tratamentos da doença

Estudo revela um percentual maior do que o apontado pela OMS; alto consumo de álcool, pandemia e sedentarismo estão entre as possíveis causas

Depressão supera a diabete no Brasil, diz pesquisa; confira os sintomas e tratamentos da doença.Créditos: Assembleia Legislativa do Ceará
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De acordo com a Pesquisa Vigitel 2021, do Ministério da Saúde, em média 11,3% dos brasileiros relatam ao médico sintomas que formam o diagnóstico de depressão. O estudo foi realizado em 2021 e divulgado neste mês. 

O percentual do Vigitel 2021 é maior do que a média apontada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para o Brasil, de 5,3%. O Vigitel é um estudo anual sobre a saúde dos brasileiros e pela primeira vez trouxe dados sobre a depressão. 

A pesquisa Vigitel revela que a incidência de pessoas com depressão, em média, superou a de diabete (9,1%), doença crônica considerada muito comum. 

O estudo também revelou que a frequência de adultos com diagnóstico médico de depressão variou muito entre as capitais: 7,2% em Belém a 17,5% em Porto Alegre. As mulheres foram as mais afetadas com a doença: 14,7%. Entre os homens, o percentual ficou em 7,3%. 

Os organizadores da pesquisa acreditam que a alta da doença está diretamente relacionada com a pandemia da Covid-19. Estudo da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) já havia apontado para tal cenário, pois, levantou que em 2020 o percentual de pessoas com depressão tinha saltado de 4,2% para 8%. 

Além do contexto da pandemia, o Vigitel também identificou que, durante o mesmo período houve uma redução da prática de atividade física e aumento no consumo de álcool: 48,2% praticaram menos atividades. Já 18,3% revelaram ter feito consumo excessivo de bebida alcoólica. 

 

Sintomas e tratamentos

 

Segundo a Organização Pan Americana de Saúde (OPAS), órgão vinculado à Organização Mundial da Saúde (OM), a depressão é um transtorno comum, mas muito sério e que "interfere na vida diária" e afeta a capacidade de trabalhar, dormir, estudar, comer e aproveitar a vida. 

A organização atenta para o fato de que depressão pode tanto ocorrer por influência genética como por fatores sociais. Também destaca o fato de que nem todas as pessoas apresentam os mesmos sintomas e que a duração da doença também varia entre os indivíduos. 

A depressão pode ser categorizada como leve, moderada ou grave. Segundo a OPAS, uma "fundamental também é feita entre depressão em pessoas que têm ou não um histórico de episódios de manias. Porém, todos os tipos de depressão podem ser crônicos, ou seja, podem durar por um longo período e com recaídas, principalmente se não for tratada. 

 

O documento da OPAS divide a depressão em dois grupos e com sintomas diferentes: 

 

Transtorno depressivo recorrente: esse distúrbio envolve repetidos episódios depressivos. Durante esses episódios, a pessoa experimenta um humor deprimido, perda de interesse e prazer e energia reduzida, levando a uma diminuição das atividades em geral por pelo menos duas semanas. Muitas pessoas com depressão também sofrem com sintomas como ansiedade, distúrbios do sono e de apetite e podem ter sentimento de culpa ou baixa autoestima, falta de concentração e até mesmo aqueles que são clinicamente inexplicáveis.

Transtorno afetivo bipolar: esse tipo de depressão consiste tipicamente na alternância entre episódios de mania e de depressão, separados por períodos de humor normal. Episódios de mania envolvem humor exaltado ou irritado, excesso de atividades, pressão de fala, autoestima inflada e uma menor necessidade de sono, bem como a aceleração do pensamento.


Os principais sintomas são: 

 

- Cansaço constante
- Irritabilidade
- Angústia
- Ansiedade extremada
- Baixa autoestima
- Insónia ou sono de má qualidade
- Perda de interesse por atividades que costumava gostar
- Pensamentos negativos
- Pensamentos frequentes sobre a morte
- Dificuldade para se concentrar
- Disfunções sexuais 
- Sentimento de incapacidade para vivenciar o dia a dia, que pode levar a uma sensação de ruína. 

Tratamentos

A depressão envolve dois tipos de tratamento: o psicoterápico e medicamentoso (este não é indicada para depressões consideradas leves). 

Os tratamentos podem ser realizados de forma individual ou em grupo, pode também haver um cruzamento entre ambos. Claro, isso sempre vai depender do diagnóstico do médico. 

Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), do Sistema Único de Saúde (SUS), oferecem tratamentos gratuitos para os variados tipos de depressão.

 

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