ESTÉTICA

Como procedimento feito no dentista levou uma paciente a perder parte do nariz

Agora, alectomia só pode ser realizada por médicos e norma que a vetou pelas mãos de odontólogos veio dois meses após o caso de Elielma Braga, que tenta reparação na Justiça

Elielma Braga, antes e depois da alectomia..Créditos: Arquivo pessoal
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A esteticista Elielma Carvalho Braga, de 37 anos, moradora de Aparecida de Goiânia (GO) só queria afinar seu nariz e para isso procurou, em 2020, um dentista de sua região para realizar um procedimento chamado alectomia, que consiste em fazer uma costura nas abas nasais, até então permitido pelas mãos desses profissionais.

Só que um problema decorrente da intervenção a levou a perder parte do órgão e a ter que se submeter a outros 14 procedimentos reparatórios. Ela teve necrose nos tecidos do nariz e afirma sofrer ainda com outras sequelas, inclusive psicológicas, além de utilizar um alargador de narinas para conseguir respirar com normalidade.

O advogado da esteticista, Marcos Lara, em entrevista à reportagem do portal Terra, disse que sua cliente saiu da clínica odontológica acreditando que a alectomia tinha sido um sucesso, mas que posteriormente começou a ter dores muito fortes e algumas mudanças em sua fisionomia. Ela chegou a retornar ao dentista, no entanto, quando as feridas já estavam em condições bastante avançadas.

Sem plano de saúde, Elielma precisou encontrar um cirurgião plástico do SUS que se dispusesse a realizar as complexas cirurgias de reparação, como enxertos e a reconstrução da narina. O médico já realizou parte desses procedimentos e a mulher teve uma melhora em seu quadro, embora outros ainda necessitem ser feitos.

A esteticista afirma seguir sofrendo muito com o problema, ter se afastado do convívio social e se sentir envergonhada por conta de sua aparência, que ela define como “desfigurada”. Agora, Elielma quer uma reparação financeira da parte do dentista que fez a alectomia, Igor Leonardo. Uma ação ajuizada por seu advogado exige o pagamento de R$ 42 mil a título de indenização por danos morais, materiais e estéticos.

Ouvido pela reportagem do Terra, Igor Leonardo afirma que Elielma foi acometida por uma condição rara chamada Síndrome de Nicolau, que o odontólogo define como uma rara cicatrização seguida de necrose tecidual em áreas que receberam a injeção de alguma substância. Ele alega que jamais deixou a paciente desamparada, que deu todo o suporte financeiro que estava ao seu alcance após o ocorrido e completou afirmando que segue à disposição para continuar colaborando com tudo e para ser ouvido na Justiça.

Alectomia só com médicos

A alectomia era um procedimento que podia ser realizado por dentistas, mas em agosto de 2020, dois meses depois do problema ocorrido com Elielma, o Conselho Federal de Odontologia (CFO) vetou sua realização por essa categoria profissional no país. Desde então, quem quiser se submeter a essa intervenção precisará procurar um médico cirurgião plástico.