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Pesquisadores tentam esclarecer se maconha pode ajudar na qualidade do sono

Um dos principais problemas de saúde que afeta a população mundial são relacionados ao sono, o que prejudica significativamente o dia a dia das pessoas

Os efeitos medicinais da maconha continuam sendo estudados.Créditos: Rede Brasil Atual/EBC
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A insônia, a má qualidade do sono e poucas horas dormidas a cada noite prejudicam muito o dia a dia das pessoas e são problemas corriqueiros no mundo moderno. A questão se tornou um grave problema de saúde pública em todo o mundo.

O sono insuficiente pode deixar a pessoa mal-humorada, sem energia e tem sido associado a enfermidades, como depressão, doenças cardíacas e demência, por exemplo.

O jornal The New York Times, em reportagem de Hannah Seo, fez um levantamento junto a profissionais de saúde sobre se a maconha pode ajudar a dormir. O periódico revelou que, em 2020, um estudo do Departamento de Saúde e Serviços Humanos descobriu que 8% dos adultos relataram que tomavam, com frequência, medicamentos para dormir. Algumas dessas pessoas podem estar fumando ou consumindo produtos de cannabis para auxiliar no sono.

Outro estudo, publicado em 2022 com mais de 27 mil usuários de maconha medicinal nos Estados Unidos e no Canadá, apontou que quase metade mencionou o sono como razão de saúde física para sua utilização.

Vyga Kaufmann, professora assistente de psicologia e neurociência na Universidade de Colorado, em Boulder, afirmou que é difícil explicar exatamente como a cannabis afeta o sono, porque os estudos realizados são limitados e seus resultados, frequentemente mistos.

Cinnamon Bidwell, psicóloga clínica e professora assistente de ciência cognitiva também na Universidade do Colorado, em Boulder, disse que os dois principais compostos ativos da cannabis – o tetrahidrocanabinol (THC, responsável pelo chamado “barato”) e o canabidiol (CBD, que não causa alterações) - parecem afetar o sono de maneiras diferentes.

Ela relatou que estudos descobriram que baixas doses de THC podem melhorar o sono e altas doses podem piorá-lo, enquanto o inverso é verdadeiro em relação ao CDB. Isso torna o estudo da cannabis e do sono desafiador, principalmente porque diferentes produtos de cannabis podem ter proporções diferentes dos compostos.

“Evidências preliminares promissoras”

Pesquisadores de uma revisão de 26 estudos, publicada em 2020, destacaram que havia “evidências preliminares promissoras” de que as terapias com canabinoides, incluindo THC e CBD, deveriam ser investigadas como possíveis tratamentos para problemas de sono, como insônia, apneia do sono, síndrome das pernas inquietas e pesadelos relacionados ao transtorno do estresse pós-traumático.

Existem evidências, também, de que a maconha pode ajudar indiretamente no sono, sendo responsável por aliviar dores crônicas e ansiedade, duas principais preocupações que levam novos pacientes a experimentar a cannabis medicinal. A avaliação é de Rahim Dhalla, farmacêutico especializado em cannabis medicinal em Ottawa, no Canadá.