É normal que as pessoas se sintam insatisfeitas com algum aspecto de seus corpos. A altura, por exemplo, é algo que frequentemente é alvo dessas insatisfações. Muita gente gostaria de ser mais alto, só que para um homem norte-americano isso virou uma obsessão a ponto de levá-lo a um procedimento extremo, caríssimo e que apresenta riscos muito graves, podendo inclusive levar a amputações, perda de mobilidade e até à morte.
Conhecido nas redes sociais como “Mr Broken Bonez” (algo como “o senhor ossos quebrados”), ele expôs em sua conta no TikTok uma longa e dolorosa (literalmente) jornada rumo ao “crescimento”. Com 1,65m, o tal “Mr Broken Bonez” diz que sempre se incomodou de ser chamado de “baixinho” e então resolveu encarar uma sequência de cirurgias extremas para aumentar sua estatura, que atualmente foi a 1,82m.
Mas você pode estar se perguntando: existe mesmo um procedimento para “crescer” na fase adulta? A resposta não é tão simples. Muitas das cirurgias realizadas por esse influenciador têm outras finalidades e são destinadas a pessoas que apresentam traumas ou doenças que requerem uma correção ortopédica muito invasiva.
Essencialmente, “Mr Broken Bonez” iniciou seu “crescimento” com uma cirurgia que “quebra” (serra, na verdade) os ossos das pernas (tíbia e fêmur), para que uma haste metálica seja colocada por dentro desses ossos. Do lado de fora, então, é instalado um mecanismo muito parecido com um fixador externo, desses que vemos pacientes vítimas de acidentes de trânsito usarem. A diferença é que o aparelho de metal tem chaves que o fazem expandir já depois de instalados no corpo, movimento que, quando realizado, provoca dores insuportáveis.
Outro aspecto que torna a ideia e a iniciativa do influenciador algo que pouquíssimas pessoas encarariam é o longo tempo para realização do procedimento. Como são cirurgias muito invasivas, o processo é lento e, mesmo após seis meses de seu início, “Mr Broken Bonez” ainda encara uma recuperação trabalhosa, inabilitante e cheia de riscos, com sessões intermináveis de fisioterapia, várias consultas médicas, uso de medicamentos, entre outras medidas.
Do ponto de vista médico, ao colocar as hastes e afastar os ossos, o espaço entre eles passará a ser preenchido por um novo tecido ósseo, que cresce lentamente. Também são necessárias ações por parte dos médicos para que ocorra uma expansão do tecido muscular das pernas. Tudo isso leva muito tempo e deixa o paciente em condições muito difíceis de mobilidade, além de estar por um bom tempo sujeito a infecções ou imprevistos que podem causar perda quase total da capacidade de andar e, em muitos casos, até amputações. É dispensável dizer que, pelo nível extremo do procedimento cirúrgico, a morte é uma possibilidade real, caso algo dê muito errado.
“Todos os dias você gira a chave da haste de metal fora da perna, que aciona a haste interna para alongar lentamente os ossos e os músculos. Depois de atingir a altura desejada, o dispositivo de metal externo é retirado e a haste interna permanece intacta até que o osso volte a crescer, então eles os médicos a removem”, contou “Mr Broken Bonez” numa entrevista ao site LADbible. Ainda assim, ele diz que “está mais feliz do que nunca”.
No Brasil, um procedimento do tipo, que normalmente é desaconselhado pelos médicos, exceto quando o paciente o realiza por necessidade absoluta, como nos casos de correções para problemas originados em traumas, só a primeira etapa da cirurgia, com a colocação de um fixador externo em cada perna, além das hastes, sai por mais de R$ 100 mil. Como o tratamento é longo, esse valor vai muito além, tendo em conta outros gastos.