SAÚDE

De vício em opiáceos a Alzheimer, esta célula do cérebro pode ser sua aliada ou vilã

As células imunes do cérebro são responsáveis pelo combate a organismos invasores e cruciais no desenvolvimento cerebral, mas podem aumentar riscos de doenças crônicas e o vício em substâncias; entenda

Cérebro humano.Créditos: GreenFlames09 via Flickr Commons
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O cérebro humano é composto por dois tipos de células: os neurônios (também chamados "células nervosas"), que transmitem informações por impulsos elétricos e controlam o sistema nervoso; e as glias, que protegem, nutrem e dão suporte aos neurônios.

As microglias, por sua vez, são tipos de glias menores, que correspondem a 10% de todas as células cerebrais. Elas são responsáveis por sondar o ambiente, nos vasos sanguíneos do cérebro, em busca de organismos invasores, como bactérias e vírus, para manter o cérebro saudável

Mas, de acordo com Linda Watkins, especialista em neurociência ouvida pela BBC, essas células podem também ser vilãs do sistema cerebral. Isso ocorre quando sua atividade se torna mais intensa; hiperativas, as microglias, que protegem o cérebro de infecções e são essenciais para o desenvolvimento cerebral, podem "sair do controle" e continuar a liberar substâncias inflamatórias mesmo depois de combater os invasores. 

As citocinas, substâncias que combatem agentes infecciosos, são liberadas em excesso e começam a estimular patologias no cérebro, como doenças crônicas relacionadas à memória (Alzheimer), ou mesmo reagir a substâncias específicas, como os opiáceos, de forma a reforçar o desejo e a dependência.

De acordo com Watkins, o receptor responsável por ativar essas células reage às substâncias ilícitas, como a metanfetamina ou a cocaína, incentivando sua busca e intensificando o ciclo de dependência

Mas, ainda que você não use drogas, as microglias podem ser um problema: elas influenciam também a dor crônica. Quando o corpo sofre uma lesão, as microglias liberam citocinas que sensibilizam os neurônios da dor, por sua natureza inflamatória. Assim, bloquear a ação das microglias poderia ajudar a diminuir a dor intensa.

Mas o que pode deixar as microglias hiperativas?

O envelhecimento é uma grande causa do aumento na atividade dessas células, que passam a "trabalhar mais" e prejudicam o cérebro em idade avançada. Declínio cognitivo e na resposta a estímulos podem levar a uma acentuação do quadro de Alzheimer em pessoas com o gene da doença, que progride conforme as citocinas são liberadas em maior quantidade

O aprofundamento dos conhecimentos sobre as microglias e sua forma aliada pode, entretanto, ajudar a ciência a combater diversos tipos de doenças, dores e vícios, desde que potencialize seu papel de aliadas no organismo — e combata sua forma vilanesca.

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