SAÚDE DO CÉREBRO

Pessoas que trabalham nestas duas profissões têm menos risco de desenvolver Alzheimer, diz estudo

Pesquisadores apontam que este tipo específico de demência pode ter possibilidade menor de se desenvolver em alguns tipos profissionais, mas são necessárias ainda descobertas mais conclusivas

Pesquisadores procuraram relacionar profissões que utilizavam determinada região do cérebro com possibilidade de desenvolvimento de AlzheimerCréditos: Mart Production/Pexels
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Um estudo publicado em dezembro no The BMJ, uma das mais influentes e conceituadas publicações sobre medicina no mundo, traz um levantamento feito por pesquisadores da Harvard Medical School que analisaram as taxas de mortalidade por Alzheimer de quase 9 milhões de pessoas que morreram nos EUA entre 2020 e 2022. Foram usados ainda dados de suas informações ocupacionais para avaliar a prevalência da doença de acordo com a profissão.

A ideia dos pesquisadores é ajudar no desenvolvimento de estratégias definitivas de tratamento ou prevenção e, para isso, partiram de um estudo anterior. Uma pesquisa de neuroimagem de referência havia mostrado que motoristas de táxi em Londres, no Reino Unido, desenvolveram mudanças funcionais crescentes no hipocampo, envolvido tanto na criação de mapas espaciais cognitivos quanto no desenvolvimento da doença, associada à atrofia acelerada dessa região do cérebro. 

Essa descoberta levanta a possibilidade de que ocupações que exigem processamento espacial frequente, como dirigir táxi, poderiam estar associadas à diminuição da mortalidade pelo Alzheimer.

Assim, os cientistas utilizaram um conjunto de dados incluindo 443 grupos ocupacionais. Segundo o estudo, na população em geral, 1,69% de todas as mortes foram relacionadas ao Alzheimer, muito acima dos 1,03% entre taxistas e motoristas e 0,91% entre motoristas de ambulância.

Processamento espacial

Para efeito de comparação, também foram investigadas outras ocupações relacionadas ao transporte com menos demandas de navegação devido à sua dependência de rotas predeterminadas. Pilotos de aeronaves e capitães de navios foram classificados como tendo a 4ª e 23ª maiores taxas de mortalidade pela doença, enquanto motoristas de ônibus foram classificados em 263º.

"O uso dessa parte do cérebro em motoristas de táxi vem acontecendo ao longo de décadas e de uma forma muito particular e intensa – processamento espacial/navegacional instantâneo, minuto a minuto", aponta Anupam B Jena, professor da Escola Médica de Harvard e autor sênior do estudo, em entrevista à Euronews Health, pontuando que as pessoas não devem parar de usar seus sistemas de GPS enquanto dirigem como forma de estimular seus cérebros.

No entanto, o padrão de baixa mortalidade por Alzheimer entre motoristas de táxi e ambulância não foi observado quando outras formas de demência foram avaliadas.

"Não vemos essas descobertas como conclusivas, mas como geradoras de hipóteses. Mais pesquisas são necessárias para concluir definitivamente se o trabalho cognitivo espacial necessário para essas ocupações afeta o risco de morte por Alzheimer e se quaisquer atividades cognitivas podem ser potencialmente preventivas", dizem os pesquisadores.

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