O bairro isolado da maior cidade do país que fica em uma cratera de meteoro
Especialistas estimam que o impacto ocorreu entre 5 e 36 milhões de anos atrás, causado por um corpo celeste com cerca de 200 metros de diâmetro
No extremo sul da capital paulista, dois bairros ocupam o interior de uma cratera geológica rara, formada há milhões de anos pela colisão de um meteorito.
Localizada no distrito de Parelheiros, a Cratera de Colônia abriga atualmente as comunidades de Colônia e Vargem Grande, onde vivem cerca de 40 mil pessoas. Ambas fazem parte do distrito do Marsilac, o mais isolado da capital paulista. Fica a 1h40 minutos de carro da Praça da Sé ou 2h28 de transporte público.
Com aproximadamente 3,6 km de diâmetro e 300 metros de profundidade, a cratera possui bordas que se elevam até 120 metros acima do nível do solo.
Especialistas estimam que o impacto ocorreu entre 5 e 36 milhões de anos atrás, causado por um corpo celeste com cerca de 200 metros de diâmetro.
A estrutura foi identificada nos anos 1960 por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), inicialmente por imagens aéreas e depois confirmada por análises geológicas.
A ocupação urbana no local teve início no final da década de 1980, com o surgimento de assentamentos irregulares. Apesar das dificuldades de acesso a serviços básicos, o bairro se consolidou dentro da formação geológica, tornando-se um caso quase único no mundo de comunidade instalada sobre uma cratera de impacto.
Em 2007, a Prefeitura de São Paulo criou o Parque Natural Municipal Cratera de Colônia, com cerca de 53 hectares, com o objetivo de proteger o patrimônio ambiental e conter a expansão urbana desordenada. A área abriga remanescentes de Mata Atlântica e diversas espécies nativas.
A cratera também se tornou um polo de pesquisa científica. Universidades como USP e Unicamp, além de institutos internacionais, realizam estudos nos sedimentos da formação, que oferecem pistas sobre a história climática da região e a evolução da vegetação ao longo de milênios.