Folha Santista

“O Disco Encarnado”, de Alexandre Birkett, abusa da beleza e da sofisticação

Músico multi-instrumentista chega ao seu sétimo álbum em grande fase, com participação de grandes músicos

Escrito en SP el
Jornalista, editor de Cultura da Fórum, cantor, compositor e violeiro com vários discos gravados, torcedor do Peixe, autor de peças e trilhas de teatro, ateu e devoto de São Gonçalo - o santo violeiro.
“O Disco Encarnado”, de Alexandre Birkett, abusa da beleza e da sofisticação
Alexandre Birkett. Rodrigo Francisco/Divulgação

O multi-instrumentista Alexandre Birkett, além de um grande e talentoso músico, compositor e arranjador, é também um herói. Digo isso sem exagero e por uma simples razão. Ele acaba de chegar ao seu sétimo álbum de música instrumental e, mais uma vez, assim como os anteriores, feito na raça, sem gravadora nem ajuda de ninguém.

Logo após o belo “Maré Zuê” – expressão que pode ser traduzida como “a zoeira da maré” – ou seja, uma volta a si, sua Santos, seus cheiros e sensações, ele nos entrega “O Disco Encarnado”. Nele, o autor faz uma espécie de apanhado de sua obra e influência, com um componente que nunca esteve alheio a ela, mas que desta vez chega de maneira escancarada: a beleza.

À frente dos improvisos, solos, trocas instrumentais, enfim, à frente de tudo estão sempre ali presentes os lindos temas, as melodias. “O Disco Encarnado” não tem medo de ser simples, ao mesmo tempo em que é – e isso pode parecer um paradoxo, mas está longe disso – extremamente sofisticado. São temas, gravações e interpretações capazes de satisfazer desde crianças até os ouvidos mais acadêmicos.

Capa de de Fabio Gonçalves para o álbum O Disco Encarnado

Novo capítulo

Gravado entre abril e setembro de 2025 no Zorak Studios, sob a direção técnica de Guilherme Queiróz, “O Disco Encarnado” marca um novo capítulo na trajetória musical de Alexandre Birkett, que assina todas as composições e arranjos do trabalho.

Com produção de Valmir de Souza e masterização de Homero Lotito (Reference Mastering), o álbum reúne uma sonoridade rica e artesanal, em que os timbres da viola caipira, violões e percussões dialogam com sopros e cordas em arranjos de rara sensibilidade.

O repertório de O Disco Encarnado percorre treze faixas autorais que misturam influências da música brasileira, do jazz, do regionalismo e de experimentações instrumentais. Entre os destaques estão “Dervis”, com a participação de Aércio Medina (flauta) e Plinio Romero (percussão); “Trem do Valongo”, que evoca paisagens sonoras do litoral paulista; e “Fenda Sináptica”, em que Rossana Fonseca (violoncelo) e Ulisses Nicolai (violino) acrescentam nuances camerísticas à composição.

Outros convidados, como Binho Franco, Danilo Oliveira, Nathan Valente, Luiz Monteiro Jr., Rich Nichols e Gustavo Sato, somam suas interpretações à visão musical de Birkett, que alterna momentos de introspecção (“Sutil”) e celebração rítmica (“Balaio”).

O resultado é um álbum de texturas densas e emocionais, construído com precisão artesanal — um trabalho que reafirma Alexandre Birkett como um dos nomes mais inventivos da cena instrumental contemporânea brasileira.

Serviço

A identidade visual e a arte da capa são de Fabio Gonçalves, enquanto o registro fotográfico ficou a cargo de Rodrigo Francisco e o texto de apresentação é assinado por Alex Almeida.

O álbum, que já está nas plataformas digitais, será lançado na próxima sexta-feira (17), no Teatro Rosinha Mastrangelo, em Santos, às 20h.

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