Morte de ex-delegado: A suposta relação do crime com plano para sequestrar Sergio Moro
Polícia Civil investiga execução de Ruy Ferraz, ex-delegado-geral de SP, que exercia o cargo de secretário de Administração da prefeitura de Praia Grande
As investigações sobre a execução do ex-delegado-geral de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, em Praia Grande, no litoral paulista, ganharam mais um desdobramento.
A Polícia Civil encontrou evidências de que Felipe Avelino da Silva, o Mascherano, um dos suspeitos de envolvimento no crime, tem ligações com a quadrilha do Primeiro Comando da Capital (PCC) que planejou sequestrar o ex-juiz e hoje senador Sergio Moro (União Brasil), além de outros políticos.
Agentes já têm conhecimento que Mascherano é comparsa de bandidos que integram uma célula da facção criminosa chamada “restrita”. Este grupo é responsável por matar rivais e cometer atentados contra autoridades públicas, de acordo com reportagem de Josmar Jozino, no UOL.
Um dos integrantes da quadrilha está foragido e há, contra ele, dois mandados de prisão, um por homicídio e outro por tráfico de drogas. A polícia apura o suposto envolvimento do criminoso na morte do ex-delegado, que exercia o cargo de secretário de Administração da prefeitura de Praia Grande, executado a tiros em 15 de setembro.
Mascherano foi preso no dia 6 de outubro, em Cotia, na Grande São Paulo. O Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) informou que a impressão digital dele foi achada no Jeep Renegade usado na ação contra Ruy Ferraz.
No dia exato em que se completou um mês da execução do ex-delegado, 15 de outubro, a Polícia Civil divulgou a prisão do sexto suspeito de envolvimento no assassinato.
Danilo Pereira Pena, de 36 anos, conhecido como Matemático, foi detido por agentes do DHPP. Ele estava em uma hospedaria no bairro Morumbi, zona sul da capital paulista.
Com mais essa prisão, subiu para seis o número de detidos. São eles: Dahesly Oliveira Pires, Luiz Henrique Santos Batista (Fofão), Rafael Marcell Dias Simões (Jaguar), Willian Silva Marques, Felipe Avelino da Silva (Mascherano) e Danilo Pereira Pena (Matemático). Dois seguem foragidos: Flávio Henrique Ferreira de Souza e Luiz Antonio Rodrigues de Miranda. Um morreu em confronto com a polícia, no Paraná.
PCC também pretendia sequestrar Lira e Pacheco
No dia 14 de dezembro de 2023, a PF deflagrou, em São Paulo, uma operação contra integrantes do PCC suspeitos de planejar sequestros e ataques contra autoridades. Foram cumpridos três mandados de prisão preventiva e 16 de busca e apreensão. Um dos criminosos foi preso em flagrante com armas de uso restrito.
Foram apreendidos, ao todo, duas pistolas 9mm, um colete balístico e quatro veículos de luxo. A ação fez parte da Operação Sequaz, deflagrada em março do mesmo ano.
A PF descobriu, na ocasião, um plano do PCC para sequestrar e matar servidores públicos e autoridades, entre eles Sergio Moro e o promotor de Justiça, Lincoln Gakiya, que integra o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo (Gaeco).
Além disso, na primeira fase da investigação, agentes encontraram informações sobre as residências oficiais dos ex-presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), além de Moro.
Duas linhas de investigação
As autoridades trabalham com duas linhas principais de investigação. Uma seria vingança do PCC contra o ex-delegado.
A outra aponta para uma possível represália por irregularidades que Ruy Ferraz teria descoberto em um contrato de licitação no valor de R$ 24,8 milhões da prefeitura de Praia Grande.
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