BNDES e prefeitura elaboram plano sobre prédios tortos na orla de Santos
A iniciativa foi oficializada pelo presidente do banco, Aloizio Mercadante, e o prefeito do município do litoral paulista, Rogério Santos
Curiosidade turística, os prédios tortos da orla de Santos, no litoral paulista, que há anos chamam atenção, continuam a entortar gradualmente a cada ano. A razão são as estruturas, que seguem afundando em consequência do movimento do solo.
Para mitigar os prováveis efeitos futuros, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a prefeitura de Santos estão elaborando um plano estratégico para enfrentar os impactos das mudanças climáticas na cidade. A iniciativa foi oficializada, em São Paulo, pelo presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, e o prefeito Rogério Santos (Republicanos).
A ideia central é implantar novas soluções de macrodrenagem e drenagem, além da necessidade de intervenções complementares, como o reposicionamento dos prédios tortos na orla. Existe, ainda, a possibilidade de o banco financiar obras apontadas como necessárias no projeto.
O plano é amplo é buscará alternativas para diminuir as consequências do aquecimento global na cidade, como a elevação do nível do mar e enchentes.
Em seguida, o planejamento aponta que serão indicadas obras e projetos, com suas respectivas formas de financiamento, para aliviar os impactos observados.
Tópicos que receberão mais atenção: potencial hídrico dos canais, possibilidade de criação de piscinões, adoção de molhes e bags para recuperação da faixa de areia da praia, contenção de encostas, monitoramento dos morros e reposicionamento dos prédios tortos da orla santista.
O BNDES possui um setor específico para tratar de assuntos relacionados à sustentabilidade, com ênfase na adaptação das cidades aos desafios impostos pelos eventos climáticos extremos. Os estudos em Santos deverão contar, também, com a participação de especialistas internacionais.
Em uma próxima fase do projeto, haverá troca de informações entre as áreas técnicas do BNDES e da prefeitura, sob responsabilidade da Secretaria Municipal de Governo, a partir do envio dos estudos existentes.
Por que os prédios entortam
Santos é famosa por suas praias e pela orla repleta de edifícios. Contudo, ao longo das últimas décadas, essas construções se tornaram uma atração ainda mais peculiar: muitas delas estão inclinadas.
Um levantamento da prefeitura revelou que essa inclinação não se limita aos prédios à beira-mar, afetando um total de 319 edifícios em várias partes da cidade, sendo 65 deles localizados na orla, com inclinações mais acentuadas.
O fenômeno dos “prédios tortos de Santos” que ganhou notoriedade durante a década de 1970 tem uma explicação técnica complexa.
Ele está relacionado às fundações dessas construções, que foram projetadas em uma época em que o conhecimento técnico de edifícios altos ainda estava em desenvolvimento.
Na ocasião, havia um grande interesse econômico em construir rapidamente, resultando em fundações rasas, com apenas 3 ou 4 metros de profundidade, que tocavam apenas a primeira camada de solo, composta por areia fina e argilosa relativamente firme.
No entanto, abaixo dessa camada, havia outra de areia fina siltosa, mais móvel, que, ao ser exposta a estresses causados pelo volume de construções, começou a se mover, ocasionando o recalque das fundações rasas dos edifícios.
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