A ação perigosa do animal invertebrado que preocupa médicos da Baixada Santista
Aumento de casos de picadas deste aracnídeo coloca em alerta profissionais da saúde; infectologista orienta sobre riscos, sintomas e formas de prevenção
A ação quase invisível de um animal invertebrado, que pertence à classe dos aracnídeos, preocupa profissionais de saúde da Baixada Santista. Dados alarmantes revelam o tamanho do avanço de escorpiões no Brasil. Entre 2014 e 2023, foram registrados 1.171.846 casos de picadas no país.
As regiões Sudeste e Nordeste concentram a maioria dos registros, com 580.013 (49,5%) e 439.033 (37,5%), respectivamente. A situação atinge o litoral paulista. Na região, em 2025, a prefeitura de Praia Grande notificou dois episódios, ambos sem registro de óbito. Santos contabilizou um caso confirmado e Itanhaém, outro considerado leve. Já em São Vicente, houve uma ocorrência em 2024.
A médica infectologista Carolina Brites explicou que a urbanização desordenada vem contribuindo para o aumento desses acidentes. “Quando a gente tem picadas de animais, como escorpião e cobras, a gente fica muito preocupado, justamente por conta dessa desurbanização que existe. E aí acaba tendo o descontrole desses animais que são venenosos para nós, seres humanos. A parte urbana está entrando em contato com esses bichos que antes eram menos frequentes no nosso ambiente”, relatou.
Segundo Carolina, os sintomas mais comuns em pessoas vítimas de picadas incluem dor intensa, vermelhidão, inchaço e sensação de ardência. “Assim que você sentir esses sintomas, deverá procurar o serviço de pronto-socorro imediatamente”, orientou a médica. “Picadas de animais como escorpião não podem esperar, justamente por conta desse envenenamento que pode existir”, alertou.
Crianças, idosos e pessoas imunologicamente vulneráveis integram o principal grupo de risco. “Não é só a questão da imunidade envolvida, é a questão daquela pessoa que é mais vulnerável, que tem situações que podem estar perto da picada de escorpião”, ressaltou.
Carolina destacou que ações rápidas e corretas podem fazer a diferença. “Teve a certeza ou a suspeita de picada de animal relacionado a veneno, como o escorpião, imediatamente procurar assistência médica, isso é fato. Porém, ajudam lavagem intensa no local, com água e sabão, aplicação de compressa morna, repouso e, rapidamente, procurar o serviço de emergência. Não dá para fazer medidas de controle dentro de casa sem ter uma boa avaliação, porque, se tiver que entrar com soro, tem que ser o mais rápido possível”, acrescentou a infectologista.

Soro antiescorpiônico
O soro antiescorpiônico está disponível no SUS e pode ser decisivo para casos moderados e graves. “Existe um soro específico, que é o soro antiescorpiônico. Ele é o único eficaz para o tratamento. Mas seria para alguns tipos de envenenamento, moderados e graves, por um tipo específico de escorpião. Então, realmente, o maior cuidado é em relação à prevenção. E o ideal é que o soro seja aplicado o mais rápido possível, no intuito de minimizar a gravidade do caso da picada”.
A prevenção passa por cuidados com o espaço doméstico. “Tanto em ambientes urbanos quanto rurais, a gente precisa prestar muita atenção no local em que vive. Ele tem que estar cada vez mais limpo e organizado”, aconselhou a especialista.
Ela destacou, ainda, a importância de vedar frestas, rachaduras, portas e janelas, além do uso de roupas protetoras em áreas de risco. “Sempre estar com uma roupa extremamente coberta, com bota de cano alto, meia-calça e blusa de manga comprida”, apontou Carolina, mestra em Ciências Interdisciplinares em Saúde e professora de Pediatria na Unaerp, em Guarujá, e na Universidade São Judas, em Cubatão, na Baixada Santista, além de atuar em hospitais e consultório.
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