Quem foi
Leonel Brizola

Por Henrique Rodrigues
Arte: Guilherme Almeida
Fotos: Divulgação

Nascido em 22 de janeiro de 1922 no povoado de Cruzinha, hoje pertencente ao município de Carazinho, à época parte de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, perdeu o pai assassinado por razões políticas quando tinha pouco mais de um ano e meio

Sua mãe teve dificuldades para criá-lo, assim como os irmãos, porque perdeu as terras em que viviam depois de uma disputa judicial

Nesse ambiente de injustiças e tragédias crescia o jovem Leonel, que aos 14 anos foi morar em Porto Alegre. Lá foi engraxate e até ascensorista. Depois entrou para universidade e formou-se engenheiro civil

Fez parte de grêmio estudantil ainda muito jovem e filiou-se ao PTB quando ainda cursava a faculdade, ficando incumbido de formar a ala jovem do partido

Foi deputado estadual nos anos 40 e nomeado secretário de Obras Públicas do Rio Grande do Sul em 1952, no governo de Ernesto Dornelles. Dois anos depois seria eleito deputado federal

No Congresso, foi inimigo declarado do golpista Carlos Lacerda, a quem atacava sem cerimônias. Sua coragem e disposição para o embate rendeu-lhe notoriedade na imprensa

Em 1956 finalmente foi eleito prefeito de Porto Alegre, a capital gaúcha

Ferrenho defensor do Trabalhismo, foi eleito governador do Rio Grande do Sul em 1958, com uma plataforma de governo voltada às causas sociais mais sensíveis

Bravo e destemido, encampou a Campanha da Legalidade em 1961, quando forças reacionárias tentavam impedir que seu cunhado, o vice-presidente da República João Goulart, assumisse a chefia do Estado após a renúncia de Jânio Quadros

Formou milícias e entregou armas à população civil para que resistissem às intenções golpistas dos militares e fez do Palácio Piratini, sede do governo gaúcho, uma trincheira de resistência

Com o Golpe Militar de 31 de Março de 1964, acolheu Jango, seu cunhado, no Rio Grande do Sul e tentou organizar uma reação armada à tomada de poder pelos militares, que não encontrou adesão

Exilou-se no Uruguai, onde Jango já estava, e sequer poderia pensar num regresso ao Brasil depois de pregar "a prisão dos generais", o que lhe rendeu um sentimento de ódio mortal por parte dos militares

Com o Uruguai sob ditadura também, precisou do auxílio de Jimmy Carter, presidente dos EUA, para não ser pego na Operação Condor. Washington garantiu sua saída para a Argentina, de onde voou para território norte-americano

Retornou ao Brasil em 7 de setembro de 1979, após a Lei de Anistia. Passou então a se articular politicamente outra vez

No mesmo ano, em 1979, funda o Partido Democrático Trabalhista (PDT), após não conseguir usar a sigla histórica do PTB

Eleito governador do Rio de Janeiro em 1982, Brizola evitou uma fraude eleitoral que seria promovida pela Proconsult, a empresa que contabilizaria os votos, ligada a ex-agentes da inteligência militar

Denunciou a manobra antes que ela acontecesse, atacou a Rede Globo, que dava ressonância à fraude, mas com isso garantiu sua vitória

Ajudou na organização dos eventos políticos de 1984, pelas Diretas Já, e foi um dos artífices do histórico Comício da Candelária, no Rio

Foi candidato à Presidência em 1989, primeiro pleito direto após a longeva Ditadura. Ficou em 3° lugar, menos de 1% atrás de Lula, que foi ao 2° turno com Collor

Seu último mandato foi conquistado em 1990. Foi eleito novamente governador do Rio de Janeiro

Ainda foi candidato a presidente em 1994, compôs chapa com Lula na corrida ao Planalto em 1998 e saiu derrotado na eleição para prefeito da Cidade Maravilhosa em 2000

Morreu em 21 de junho de 2004, após uma internação por problemas respiratórios que acabaram evoluindo para um infarto

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