É hora de vestir a camisa: precisamos do feminismo no futebol

An unidentified protester holding a Palestinian flag scuffles with Israeli security forces during a joint pro-Palestinian demonstration held by foreign, Israeli and Palestinian demonstrators in the West Bank village of Nabi Saleh, Saturday, July 9, 2011. Some of the international pro-Palestinian activists questioned at Israel's airport over the weekend have reached the West Bank and participated in anti-Israel protests Saturday. (AP Photo/Oren Ziv)
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Por Francine Malessa, convidada especial Pouco mais de um mês após a ação #MulheresNoFutebol, tive a oportunidade de participar de um evento para falar sobre o protagonismo feminino no esporte, como integrante da Força Feminina Colorada, torcida exclusivamente feminina do Internacional, de Porto Alegre, e única organizada do gênero reconhecida por clube e Ministério Público no Rio Grande do Sul. No encontro, ao perguntar como as outras mulheres se sentiam ao declarar em público que gostavam de futebol, que torciam para algum time ou até mesmo que jogavam, todas foram unânimes em reforçar o que já havíamos notado durante a ação: era preciso demonstrar duas, três ou quatro vezes o quanto era fã do esporte. Já passou da hora do feminismo vestir a camiseta da causa e entrar em campo. Acredito que este chute inicial ocorra a partir das propostas apresentadas ao final do 1º Encontro Nacional de Mulheres de Arquibancada, que prevê uma lista de ações contra o preconceito que enfrentamos diariamente. Sim, diariamente, porque futebol para nós não são apenas 90 minutos, não é apenas em dia de jogo. Futebol é paixão pela vida toda, é viver e acompanhar o seu clube sempre. O feminismo precisa chegar para as demais mulheres que vivem o esporte, pois muitas enfrentam o mesmo machismo na pele e algumas vezes refutam o feminismo por falta de informação ou até mesmo de compreensão. É graças ao movimento que elas hoje podem ser livres para ir ao estádio, para torcer por seu time, para jogar bola, para comentar ou até mesmo apitar o jogo. Digo isso porque ouvi de algumas jovens há algum tempo que elas até frequentam o estádio, mas não se consideram feministas. Tudo bem, ninguém obriga ninguém a nada aqui né, porém, as justificativas limitavam-se a “depende do que você quer dizer sobre ser feminista”. Essa falta de conhecimento sobre o movimento mostra a urgência da inserção dele no esporte, para que possamos, juntas, vencer estes obstáculos tão comuns a nós. E para que não precisemos mais ficar explicando o que é impedimento ou declamando a escalação de 1900 e meu tetra avô era nascido e sendo vítimas de assédio e objetificação. Vejo ainda que é preciso pensar para além do feminismo. Em um esporte tão machista, a homofobia também está presente. Escrevo isso porque alguns torcedores do Atlético-MG colocaram faixas de cunho homofóbico e misógino para recepcionar os cruzeirenses no clássico do dia 2 de julho. Ou seja, para eles não basta questionar o direito de gêneros alheios ao “tradicional masculino” de participarem do futebol, é necessário, também, reduzi-los ao estereótipo “feminino”, como se o feminino fosse uma ofensa. Atitudes preconceituosas como essa se repetem em muitas torcidas e são uma amostra de como o futebol ainda não um espaço livre de discriminação. Portanto, fica aqui meu apelo: vamos invadir as arquibancadas, as cabines de imprensa e os gramados! O futebol é de todos! Outros textos da campanha #MulheresNoFutebol: #MulheresNoFutebol: a luta delas contra o machismo desse esporte - Autoria de Francine Malessa e Thaís Campolina. #MulheresNoFutebol: a invisibilidade que ainda persiste - Autoria de Francine Malessa. #MulheresNoFutebol: vamos ouvir o que elas tem a dizer? - Autoria de Thaís Campolina.