Enquanto o DEM quer pôr fim no Prouni, o programa segue formando médicos

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Em 2004, quando o governo Lula criou o PROUNI, o DEM entrou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) contra o Programa Universidade para Todos (Prouni). Era uma política pública demais para o Demo. Afinal, para os conservadores do Demo, pobre tem de ter acesso, no máximo, à escola técnica para compor a mão-de-obra especializada de acordo com a demanda empresarial, de preferência especializada e barata para não onerar os empresários. Universidade é artigo de luxo, nada de estendê-la para a periferia.

Mas, mesmo a contragosto do DEMO, da elite, do jurista predileto do partido, Ives Gandra,  em 2005, o Prouni selecionou os primeiros bolsistas. Eu mesma junto com Frei Davi e ativistas do movimento negro cansamos de assinar e divulgar abaixo-assinado contra a Adin do DEMO e a favor da manutenção do PROUNI.

Em 2008, já no Supremo, o relator da Adin, ministro Carlos Ayres Brito, apresentou parecer contrário à ação do DEMO. O ministro Joaquim Barbosa pediu vistas do processo, o que sustou o julgamento.

Durante esses cinco anos, cerca de 700 mil jovens de baixa-renda conseguiram fazer um curso superior graças ao Prouni, cujas bolsas são oferecidas a alunos aprovados pelo ENEM e cujas famílias ganham até 3 salários mínimos.

Flávio Sousa, um menino querido e talentoso que admiro e já contei a história de superação dele aqui, é aluno do Prouni na PUC- São Paulo. Logo, logo o veremos na diplomacia  brasileira. Diego Casaes, que está hospedado aqui em casa, também já foi aluno do Prouni. Diego nasceu na periferia de Salvador, é um excelente tradutor, especialista em mídias sociais, um menino sabido, humanista, comprometido com a cidadania,  já representou o Global Voices na COP15, em Copenhague. João Sérgio, outro garoto danado de sabido, ativista pela liberdade na rede, uma fera em  internet, que trabalha com inclusão digital também foi aluno do Prouni. Diego, João Sérgio  e Flávio não são exceções à regra. Alunos cotistas, alunos do Prouni geralmente sabem o valor das políticas sociais que permitiram a eles o acesso à Universidade e não jogam esta oportunidade fora. Os alunos cotistas e do Prouni vêm subindo a média nos cursos universitários a despeito de todo preconceito elitista contra eles.

Ontem, o presidente Lula participou de uma cerimônia com alunos formandos do PROUNI do curso de medicina. Isso mesmo, a primeira leva de médicos oriundos de família de baixa-renda receberam seu diploma e passam a fazer parte de um seleto grupo de profissionais socialmente valorizados no país.

Abaixo três histórias de vida desses jovens médicos do Prouni:

Durante a cerimônia, Lula,  visivelmente emocionado, falou sobre a  importância dessas políticas públicas para criar a verdadeira autonomia dos brasileiros e de como essas histórias de vida valem a pena serem conhecidas. Elas são a cara do novo Brasil que está sendo construído: um Brasil mais democrático e verdadeiramente um Brasil que pretende ser de todos os brasileiros.

Foram 218 jovens de baixa-renda os presentes na cerimônia. Ao todo, em 2010, 425 jovens se formaram no curso de medicina, graças ao Prouni. Mas eles são mais que isso: são a prova de que políticas públicas verdadeiramente inclusivas fazem uma enorme diferença em um país que até pouco tempo atrás era o país do 'você sabe com quem está falando'? Aos poucos, o Brasil torna-se um verdadeiramente um país de cidadãos de fato e de direitos.

Abaixo trecho da matéria retirada do Blog do Planalto:

Os jovens presentes, que se formaram superando preconceitos e todo tipo de obstáculo, são grande motivo de orgulho para qualquer governante, disse Lula durante o evento, que marcou o início do seminário Perspectivas Profissionais na Área de Saúde, realizada em Brasília.

Muitos criticaram o ProUni, afirmando que o programa nivelaria por baixo a educação brasileira, num preconceito injustificável, criticou o presidente, lembrando que uma avaliação feita pelo Ministério da Educação comprovou que alunos do ProUni tinham desempenho superior a outros estudantes universitários em 15 áreas avaliadas. “Eles foram precocemente rejeitados por uma parte preconceituosa da elite brasileira”, criticou o presidente.

Não sei se até o dia 1º de janeiro vamos ter outra fotografia mais bonita do que essa para justificar a nossa passagem pelo governo. Porque o Brasil historicamente foi governado e pensado para atender uma pequena parcela da sociedade. Dava-se de barato que uma parte da sociedade tinha direitos e que poderiam fazer curso de doutorado, de graduação e de mestrado, e outra parte que estava predestinada a terminar o ensino fundamental, com muito custo fazer o secundário, e muito mais custo ainda arrumar um emprego.

Um dos formandos presentes era Sara, do Pará, que vai ser formar médica no final do ano. O presidente contou aos presentes um pouco da história de Sara, que desde os três anos de idade queria ser médica e que enfrentou muitos problemas, financeiros e de saúde, para conseguir realizar seu sonho de infância. Lula elogiou a força de vontade de Sara que, segundo o presidente, afirmou: “Nós provamos que somos capazes, basta ter oportunidade. Agora eu quero retribuir o que o Brasil fez por mim.”

O presidente Lula lembrou que o Brasil foi um dos últimos países da América Latina a ter uma universidade e teve vários presidentes que passaram seu mandato inteiro sem investir em uma única universidade -- porque educação era considerado ‘gasto’ em vez de ‘investimento’, frisou Lula. Hoje, educação é prioridade de governo e assim foi possível chegar a números expressivos. “Em oito anos, eu, o Fernando Haddad (ministro da Educação) e o Zé Alencar (vice-presidente) já somos os que mais fizemos universidades federais neste País (ver aqui) “, lembrou o presidente, citando também o recorde de escolas técnicas criadas no Brasil durante o seu governo (ver aqui). Isso tudo só aconteceu porque proibimos o uso da palavra gasto ao falar de educação. Dinheiro para educação deveria ser tratado como investimento, porque dá bom retorno ao País, estamos qualificando e preparando gente, para disponibilizar ao País inteligência, e não tem preço que pague isso.

Desde sua criação, em 2005, o ProUni ofereceu 700 mil bolsas em todas as áreas do conhecimento para jovens com renda familiar de até três salários mínimos por pessoa, selecionados por meio do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Neste ano, formar-se-ão os primeiros 425 alunos de cursos de Medicina que estudaram com bolsas do ProUni.

O Ministério da Saúde, em parceria com o Ministério da Educação, está ampliando a residência médica em especialidades e regiões identificadas como de alta relevância e com carência na oferta, para atender à população no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Ao optar por uma das especialidades e buscar a residência médica entre os programas que os Ministérios começaram a financiar neste ano, esses futuros médicos terão a possibilidade de prestar relevantes serviços à saúde pública brasileira.

Os objetivos do Seminário são aproximar a oferta da demanda; sensibilizar os futuros médicos para as perspectivas, possibilidades, desafios e relevância da atuação no SUS; avançar no processo de mudança da formação e do trabalho em saúde, na direção do fortalecimento do SUS; e estabelecer um cadastro desses profissionais e a eventual aproximação entre eles e os gestores de municípios remotos em que faltam médicos para atender à população.