Histórias do Paulo Renato e Raul Jungmann e a licitação das rodovias

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Aparentemente nenhuma notícia tem relação com a outra, mas como esse blogueiro acha que nem tudo que fica parado é poste (e viva o Zé Simão), o leitor que tire suas conclusões.

A história mais instigante está publicada na Folha de hoje. O ex-ministro da Educação no governo FHC (durante os dois mandatos) e atual deputado federal tucano Paulo Renato de Souza enviou um artigo para o jornal para tratar da compra pelo BB do Besc, o banco estadual de Santa Catarina. Ainda não li o artigo porque ele não foi publicado, mas claro que o nobre deputado deve ter defendido que o Besc deveria ser privatizado. Nem precisa ser bidu para saber disso. Mas o artigo foi enviado antes para a leitura do presidente do Bradesco. Veja o trecho da Folha que é bastante esclarecedor:

“O deputado federal Paulo Renato (PSDB-SP) submeteu à apreciação da presidência do banco Bradesco um texto assinado por ele e enviado anteontem à Folha para publicação. No artigo, ainda inédito, o deputado critica a intenção do governo federal de passar o Besc (Banco do Estado de Santa Catarina) para o controle do Banco do Brasil.

O texto foi enviado ao jornal por e-mail. Por engano, o corpo da mensagem trouxe uma correspondência eletrônica anterior, na qual o parlamentar escrevera ao presidente do Bradesco, Márcio Cypriano: "Em anexo, vai o artigo revisto. Procurei colocá-lo dentro dos limites do espaço da Folha. Por favor, veja se está correto e se você concorda, ou tem alguma observação. Muito obrigado, Paulo Renato Souza"

O mais estranho de tudo isso é que aqui na redação da Fórum, quando a gente escreve para alguém algo como: “em anexo vai o artigo revisto. Procurei colocá-lo dentro dos limites do espaço da revista”, a gente quer dizer que o artigo do interlocutor foi editado. Mas a gente sabe que o deputado Paulo Renato de Souza não assinaria um artigo de Márcio Cypriano e enviaria assinando-o para um jornal. Mas que é estranho é, não é deputado?

Aliás, se eu fosse presidente do Itaú, do Unibanco, ou do Banco Panamericano ficaria muito chateado com o deputado. Afinal, segundo dados do TSE, para a última campanha de Paulo Renato o Itaú doou 150 mil reais, o Unibanco 50 mil reais e o Panamericano 50 mil. E, diretamente, o Bradesco não lhe deu um centavo. E na hora de “revisar” seus artigos o deputado consulta o Bradesco.

Jungmann – O Estado de S. Paulo de hoje traz uma reportagem que dá conta que a Justiça Federal de Brasília bloqueou os bens e as contas bancárias do deputado federal Raul Jungmann (PPS), também ex-ministro no governo FHC. Ele é acusado de ter contratado sem licitação uma agência de publicidade. Jungmann para quem não o conhece é um daqueles deputados que fica acusando o governo Lula de “o mais corrupto da história” e que outro dia saiu no braço com seguranças do Senado porque queria assistir o julgamento de Renan Calheiros.

Não tenho elementos para dizer se Jungmann é o ou não inocente, mas estou curioso para ver o Jornal Nacional de hoje. Imagino que teremos uma enorme e detalhada cobertura do caso.

Falando em caso, a licitação para concessões de rodovias feitas ontem resultou num custo de pedágio de 0,02 centavos por quilômetro. Nas rodovias paulistas, em concessões organizadas pelo PSDB, o custo por quilômetro é em média de 0,12 centavos. Ou seja, seis vezes maior. Pois é, pois é. Como acredito na nossa mídia comercial, estou esperando as explicações de Geraldo Alckminn e José Serra sobre o assunto. Ou eles não têm de se explicar?