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Lula é favoritíssimo para ganhar as eleições, faça as contas comigo

Bolsonaro teria numa hipótese pessimista 1 milhão a mais de votos de diferença em São Paulo, 400 mil em Minas e 300 mil no Rio. Seriam 1,7 milhão de votos nos três maiores estados do país. Isso se ele não virar votos de Lula. Essa é a chave da eleição. Lula não pode perder seus votos

Créditos: Ricardo Stuckert
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Quando algo que se deseja não se realiza, algumas pessoas reagem mal e outras muito mal. Algumas fazem de conta que não desejavam tanto e outras desencanam de tudo e dizem que vão partir para outra. Nenhuma dessas hipóteses pode ser a reação daqueles que defendem a democracia brasileira contra Bolsonaro.

Lula não perdeu a eleição e nem votos no domingo (2). Muitas pesquisas apontavam que ele ficaria na margem de erro para vencer no 1º turno. E seus 48,43% são exatamente isso. Quem cresceu foi Bolsonaro. Ele teve 43,2%. As pesquisas mais confiáveis apontavam de 37% a 40% no máximo.

O que fez com que o resultado fosse melhor para Bolsonaro foram resultados diferentes no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. Lula ganhou em Minas por 570 mil votos (todos os números de diferença que vou publicar aqui são aproximados), mas se esperava mais.

Em São Paulo, Bolsonaro teve 1,8 milhão de votos a mais. No Rio, 1 milhão. No Rio Grande do Sul a frente pró atual presidente foi de 440 mil.

Por que estou calculando apenas as diferenças desses estados? Porque é neles que pode vir a acontecer algo que mude o resultado final das eleições. Mas isso é muito difícil.

Lula parte de 6 milhões votos de frente em relação a Bolsonaro. E nos estados do Nordeste, o campo progressista ou ganhou as eleições no 1º turno ou deve ganhar no 2º turno. A exceção deve ser Pernambuco, onde Raquel Lira (PSDB) que terá o apoio do PSB e da máquina do estado passa a ser favorita contra Marília Arraes. Mas Raquel não deve fazer campanha para Bolsonaro. E lá Bolsonaro já teve 30% dos votos.

Ou seja, a diferença pró Lula deve no mínimo se manter no Nordeste. Mas a tendência é inclusive aumentar um pouco em favor de Lula. As máquinas de estado que podem ajudar Bolsonaro no Sudeste, podem ajudar Lula no Nordeste. O que vale cá, vale lá.

E no Sudeste e no Rio Grande do Sul, o quanto Bolsonaro pode crescer se não tirar votos de Lula? Essa é a chave da eleição.

Bolsonaro teve 1,8 milhão de votos a mais em SP, Tebet + Ciro tiveram 2,5 milhões e todos os outros candidatos somados aproximadamente 400 mil. Em São Paulo é que vai se dar a grande batalha. Mas sem contar os nulos e brancos e abstenções, são aproximadamente 3 milhões de votos em disputa. E 2,5 milhões de dois candidatos que vão apoiar Lula. Será que Bolsonaro terá 2 milhões e Lula 1 milhão? Se isso acontecer a vantagem de Bolsonaro irá para 2,8 milhões em SP.

Vamos seguindo neste raciocínio que depende como disse de um candidato não roubar votos do outro. Isso pode acontecer, mas não é nada fácil.

Lula teve 570 mil votos a mais em Minas do que Bolsonaro. Ciro Gomes teve 500 mil lá (olho nisso, o apoio do PDT em Minas pode fazer diferença) e Tebet 300 mil. São aproximadamente 1 milhão de votos em disputa. Se Bolsonaro tiver 700 mil desses votos ele diminui a diferença em 400 mil. E mesmo assim Lula ganha em Minas por 170 mil votos.

No Rio, Bolsonaro teve 1 milhão de votos a mais que Lula de um eleitorado de aproximadamente 8,5 milhões de votos válidos. Tebet teve 366 mil votos e Ciro 306 mil. Os outros candidatos aproximadamente 100 mil somados. Ou seja, temos 870 mil votos em disputa. Será que Bolsonaro tem 600 mil desses votos? Se sim ele aumentaria em 300 mil a diferença no Rio.

Resumindo para quem já se perdeu nas contas. Bolsonaro teria numa hipótese pessimista para Lula 1 milhão a mais de votos em São Paulo, 400 mil em Minas e 300 mil no Rio de Janeiro de diferença. Seriam 1,7 milhão de votos a mais no Sudeste. Repito, isso se ele não virar votos de Lula.

A diferença nacional é de 6 milhões. Ainda sobram mais 4 milhões de votos a favor de Lula.

No Rio Grande do Sul, que é o maior estado do Sul, Tebet teve 320 mil votos, Ciro 190 mil e todos os outros somados 80 mil. Ou seja, se Bolsonaro tivesse quase todos os votos do Rio Grande para ele somaria mais 500 mil. No Paraná, que também é um estado grande, Bolsonaro teve 1,3 milhão de votos de frente pra Lula já no 1º turno. Os outros candidatos todos somados tiveram 520 mil votos. Vamos dar de barato que Lula não consegue mais nenhum voto por lá e a diferença ainda ficaria em 3 milhões que ele teria de tirar no Centro-Oeste, em Santa Catarina, Espírito Santo e no Norte. Cá entre nós, pelas diferenças que sobram dos outros candidatos isso é impossível se Bolsonaro não tirar votos de Lula.

Ou seja, a verdade é que o petista ainda é favoritíssimo.

E mesmo com esses apoios que Bolsonaro está recebendo no Sudeste é preciso considerar que os candidatos que ficaram em 3º e 4º lugar vão de Lula. E que as máquinas estaduais do Nordeste, 2º maior colégio eleitoral regional, também vão de Lula. Que os tucanos tradicionais como FHC e Serra vão de Lula.

Ou seja, numa eleição é ruim ser otimista. É muito melhor calçar as sandálias da humildade e disputar voto a voto. Mas é tão ruim quanto ser pessimista e só olhar a metade vazia do copo.

O favoritismo ainda está ao lado de Lula e da democracia.

É só não perder votos.