"Não precisamos de mais 20 anos de atraso que a ditadura proporcionou", diz Benedita sobre 31 de março

Parlamentar que participou da Constituinte de 88 critica postura do presidente em saudar período de repressão "mas só poderia mesmo ser esse presidente"

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
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Na última segunda (25) o porta-voz da Presidência, Otávio Rego Barros, chocou o país com a informação que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) havia determinado ao Ministério da Defesa fazer "as comemorações devidas" no aniversário da ditadura que iniciou em 1964. Nessa quinta (28) a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) avaliou como um absurdo a figura do presidente da República incitar esse tipo de celebração no país.

"Nós tivemos uma ditadura que sacrificou o povo brasileiro, que deixou como legado o maior índice de desemprego, uma economia lá embaixo, além das torturas que foram feitas", lamentou. Ao blog Benedita relembra as atrocidades da época, a proibição de práticas religiosas do sistema repressivo que deixou o país em "pausa democrática" por 20 anos. "Nós não queremos que o Brasil comemore isso, porque na verdade eles querem comemorar as torturas que fizeram no passado".
O Ministério Público Federal reagiu e criticou a comemoração sugerida pelo presidente: “O ato se reveste de enorme gravidade constitucional, pois representa a defesa do desrespeito ao Estado Democrático de Direito, já que celebra um golpe de Estado e um regime ditatorial", diz o MPF.
"A ditadura trouxe vinte anos de atraso para o Brasil e quanto a isso não precisamos mais", disse Benedita. A congressista diz até "entender" a postura do presidente em saudar um regime autoritário, já que Bolsonaro fez política e se criou nesse espaço. "Mas só poderia mesmo ser esse presidente, porque alguém que homenageou o torturador de Dilma Rousseff, agora quer homenagear essa data das torturas feitas no Brasil", criticou a parlamentar. "Dia 31 iremos para as ruas de preto em sinal de luto. E o pior, até mentem, porque não foi em 31 de março, mas em primeiro de abril, dia da mentira", relembrou a congressista.