A acusação aos pilotos e a tragédia do jornalismo brasileiro

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Tanto Veja como Folha de S. Paulo anteciparam trechos da fita da caixa preta. Apenas Fórum, antes de todos os veículos, basta olhar data e hora aí embaixo na nota produzida por este blog a partir de informação do repórter Daniel Merli, disse que o vazamento acontecia por conta de interesses econômicos. Registre-se: isso foi publicado na noite anterior à matéria da Folha chegar às bancas.

As notas da caixa preta levaram tanto Folha como Veja a dizer que o erro teria sido humano. Mas depois de a gravação da fita se tornar pública a conclusão de técnicos da aviação é a de que não é possível chegar a nenhuma conclusão.

Mas então por que o vazamento levou a conclusão de que o erro foi humano? Fórum responde sem acusar, mas essa interpretação interessa a empresa do Airbus. Se o erro for humano ela não precisa pagar o seguro, a conta fica para a Tam ou quem sabe para Infraero. A tal tese da culpa da pista, lembram? Essa livra as empresas e a conta cai no colo do governo.

Quem, então, teria vazado as fitas? O leitor deste blog é inteligente. Pode até ter sido um deputado, mas pode ter sido a Airbus, não é verdade? E depois de tudo isso, por que o jornal e a revista que deram o “furo investigativo” não dizem claramente como tiveram acesso ao conteúdo, já que a informação que publicaram vale milhões. E ao que parece veio intoxicada por interesse milionários.

Quando ocorrem essas tragédias e catástrofes fica ainda mais visível a catástrofe e a tragédia do jornalismo brasileiro. Um jornalismo que vive de assessoria de imprensas, dossiês produzidos por lobistas e informações privilegiadas que valem milhões. Triste tragédia essa nossa.