Impeachment faz água e novo golpe da praça é antecipar eleições presidenciais

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O senador Valdir Raupp (PMDB-RO) fez um discurso há pouco no Senado defendendo uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para antecipar as eleições presidenciais para outubro, na mesma data do pleito municipal. Raupp sentiu o cheiro de queimado da proposta de impeachment, que está sendo rechaçada por setores cada vez maiores da população, e partiu para um argumento que poderia ser tratado como pueril se não fosse pura picaretagem mesmo. Segundo ele, o vice-presidente Michel Temer não se sentiria à vontade para assumir o país numa situação como a atual. E que lhe teria dito isso em um telefonema, no dia 29, quando o PMDB decidiu sair do governo. Decisão, aliás, que até agora aguarda por cumprir-se.   Um jornalista de O Globo procurou Temer para confirmar a história. E pela assessoria o vice-presidente desmentiu o senador: "Michel Temer desconhece este diálogo." Raupp está buscando uma saída para o dia seguinte da derrota do impeachment. Pela esquerda, alguns dirigentes do PSOL e deputados da Rede estão propondo eleições gerais. Parece algo interessante, mas é um golpe cinza. Não chega nem a ser branco. O mandato de Dilma precisa ser respeitado, a despeito de seus muitos defeitos, ou nunca mais um governo com qualquer contorno progressista chegará ao fim no Brasil. Porque, como sabe o bom caipira, por onde passa um boi passa toda a boiada. E além disso, é óbvio que deputados e senadores não vão aceitar eleições gerais. Porque isso coloca em risco os seus mandatos. Eles só vão querer botar no jogo o mandato da presidenta, como já ficou claro pelo discurso de Raupp. Ou seja, golpe. Nada mais. Os golpistas, como já se disse aqui, nunca desistem. Eles conspiram noite e dia e vivem de golpe em golpe. Mal um deu errado, já estão tentando outro. Com o impeachment fazendo água, o senador Raupp, que segundo o vice-presidente Temer é um mentiroso, veio com essa. E muitos outros caminharão na mesma avenida. Fazendo discursos supostamente republicanos. Anotem aí, depois do enterro do impeachment, a palavra de ordem será eleições já. E aí vai ter gente dizendo que não há nada mais democrático que eleições, mesmo que seja no meio do mandato. A seriedade democrática dessa gente é algo excepcional. Tão excepcional quanto a verdade de Valdir Raupp, segundo Michel Temer.