Listo, a seguir, muitas das perguntas que tenho sobre o acidente da TAM

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Antes de tudo, às 23h40 desta terça, quando escrevo esta nota, as últimas notícias indicavam o que era muito triste, mas parecia óbvio nas primeiras imagens sobre o acidente. Não há sobreviventes dentro do avião. Confirmado isso, essa será a maior tragédia aérea da história da aviação brasileira. Só superada pelo acidente ocorrido há menos de 11 meses, com um avião da Gol, e onde morreram 155 pessoas. Neste avião da TAM seriam 176, entre passageiros, tripulantes e funcionários. Além das vítimas que estariam no prédio atingido.

Vamos há algumas das perguntas que, a meu ver, precisam ser feitas e respondidas de forma rápida. Se o leitor quiser contribuir com outras, sinta-se à vontade.

1 – De fato o aeroporto de Congonhas é inseguro? E o acidente ocorreu por conta dessa insegurança?

2 – Se sim, por que ele foi liberado? E qual o órgão que o liberou?

3 – Esse órgão que o liberou confiou no laudo do consórcio que fez as obras? Que empresas participam desse consórcio? Qual o conteúdo do laudo depois das obras?

4 – Qual o nome dos engenheiros (ou do engenheiro) que assinam o laudo técnico liberando-o para uso?

5 – Qual a responsabilidade da Infraero na liberação de uso? Quem foi o responsável pela obra de Congonhas pela empresa?

6 – As empresas aéreas que operam em Congonhas pressionaram pela liberação?

7 – Se Congonhas é inseguro por que elas não mudaram suas rotas para outro aeroporto, como Cumbica, para garantir a segurança de seus clientes? Isso em algum momento foi cogitado por alguma delas?

8 – Se o problema não foi a pista, por que o acidente ocorreu?

9 – Houve falha mecânica no avião?

10 – Foi erro no pouso?

11 – O avião poderia estar com excesso de peso para um pouso nas condições que Congonhas tinha naquele momento? Afinal, havia 176 pessoas para um aeronave que comportava 180. Em Congonhas há limite de peso para aeronaves pousarem?

12 – Se foi erro no avião, qual o motivo que leva a esse tipo de problema?

13 – A falha técnica poderia ter relação com o excesso de vôos que as companhias aéreas têm feito?

14 – As companhias estariam realizando uma manutenção menos completa para poder competir entre elas e atender a crescente demanda do setor?

15 – Se houve falha humana, qual era a formação do piloto desta aeronave? Quem deu a formação? Ela foi adequada?

Por hora, fico por aqui. De qualquer maneira, quero registrar que não é possível fazer de conta que o governo federal não tem sua cota-parte nesta tragédia.

Ou a crise do espaço aéreo ou o abuso das companhias que hoje concorrem por um crescente e lucrativo mercado, tanto um como o outro, mereciam ter sido discutidos com mais energia e responsabilidade.

Até hoje, por exemplo, daqui do meu solitário teclado, não engoli a forma como se deu a negociação da compra pela Gol do que sobrou da Varig.

Não pela negociação em si, mas pela rapidez como ela se deu. E pela maneira como a Gol, assim, tão de repente, ficou amiguinha de pessoas que mantém relações de afinidade com gente do atual governo.

Mas isso também não me leva a fazer o discurso oportunista e babaca de que o avião caiu por que o Lula é Lelé. Ou qualquer outra estupidez do gênero que, aliás, já estão nas páginas dos articulistas mal-intencionados que hoje abundam mídia afora.

O governo federal ter sua cota-parte no contexto da crise é diferente de ser o culpado pelo o ocorrido.

Pode até ser outra coincidência macabra, os dois maiores acidentes aéreos de a nossa história terem acontecido em menos de 11 meses. Mas eu mesmo não acreditando e bruxas e sabendo que elas existem, acho que nesse caso a coisa é bem mais séria. Muito mais séria.

Para terminar, uma das últimas que li sobre o acidente dá conta de que entre as vítimas estaria o deputado tucano do Rio Grande do Sul, Júlio Redecker. Tratava-se de um parlamentar de nível diferenciado. Mais sério que o padrão. É muito triste se isso vier a se confirmar.