O dia em que a mídia tradicional foi derrotada com o fascismo

Junto ao enterro do corpo do fascismo, que ainda vai estrebuchar mais um pouco, mas que não resistirá à força das ruas, também se foi a mídia tradicional com a sua tentativa de manipulação abjeta

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O Brasil não é um país para amadores, mas os profissionais que acham que mandam nele também não são essa Brastemp toda. Em 2015, quando se iniciaram os atos a favor do impeachment de Dilma, para quem entende um pouco de mídia ficava clara quais eram as estratégias dos grandes grupos de comunicação e das elites brasileiras para colocar gente na rua. Os eventos do Nordeste e de cidades menores eram realizados pela manhã, depois vinha o Rio e o a tarde ficava para São Paulo. Assim, a Globo e a GloboNews, em especial, mas junta com elas quase todas as outras emissoras de TV e rádio iam em escalada cobrindo e convocando gente para as manifestações. As do Nordeste eram fracas, mas apareciam na tela em plano fechado para dar a impressão de terem reunido muitos. E assim, garantia-se a convocatória para o que importava, a de São Paulo, o estado mais conservador do país e cuja população tinha votado em massa no adversário de Dilma. Antes disso, grupos como o MBL e Vem pra Rua investiam milhares de reais todos os dias nas redes sociais para agitar o ambiente. E o sucesso se dava. São Paulo entregou no dia 15 de março de 2015 uma enorme manifestação que acabou depois com o tempo e os erros do governo, que foram se acumulando, garantindo novos atos gigantes em outros domingos. Ontem não, ontem foi tudo diferente. Um grupo de mulheres abriu uma página na internet contra Bolsonaro que apenas com a divulgação das redes e de mídias livres e alternativas como a Fórum foi ganhando seguidores até virar notícia em  veículos comerciais quando atingiu 1 milhão de seguidores. O ato foi marcado sendo divulgado quase que tão somente pelos mesmos canais e de repente explodiu como uma das maiores manifestações da história do país. Com um discurso claro, sem meias palavras, contra uma candidatura e suas ideias. A favor da democracia, mas não de uma democracia vazia. Uma democracia que não admite a tortura, o machismo, o racismo, a homofobia. Uma democracia de direitos. Uma democracia #EleNão. E o que a Globo a GloboNews e seus globobocas fizeram? Nada. Fizeram de conta que não estava acontecendo nada de muito importante. E os outros veículos que lhe seguem fizeram o mesmo. Mas a internet produziu uma imensidão de vídeos e fotos que não dão margem a contestação e a dúvida. Foi gigante, foi sensacional. E com isso, junto ao enterro do corpo do fascismo, que ainda vai estrebuchar mais um pouco, mas que não resistirá à força das ruas, também se foi a mídia tradicional com a sua tentativa de manipulação abjeta de um movimento desses. Quem esteve nas ruas de todo o mundo, em especial do Brasil, no dia de ontem, não vai esquecer. A mídia tentou esconder uma das maiores mobilizações da historia do país. E isso aconteceu porque a mídia brasileira é também fascista, mesmo não sendo no seu conjunto Bolsonaro. Ela não aceita que coisas que fogem ao seu controle aconteçam. E ontem ela não controlou. Ontem ela não cobriu. Ontem ela foi derrotada junto com o #EleNão. Ontem foi ainda maior também por isso. As mulheres foram gigantes.