Daniel Silveira caminhava pelo Congresso de peito erguido a desafiar deputados progressistas e jornalistas de todos os veículos que não lhe diziam amém.
Seu trunfo: Ser amigo de Bolsonaro. O amigo que ocupa a presidência da República e do qual ele é praticamente um devoto.
Foi buscando biscoitos daqueles que gritam mito que Daniel Silveira gravou uma live na noite de terça-feira atacando os 11 ministros do Supremo. Live onde ele, entre outras coisas, dizia que iria "bater neles com um gato morto até que o gato miasse".
O show de Silveira, mais conhecido como "Rombo" nas redes - o primo pobre do Rambo americano - foi visto por Alexandre de Moraes que lhe ordenou prisão em flagrante.
Há debate jurídico sobre a legalidade do flagrante, mas nem assim o amigo Bolsonaro se deu ao trabalho de citar Daniel Silveira na live semanal que fez na noite de ontem.
Ao invés de um beijo, um escarro. Por que a mão que afaga, Daniel Silveira, é a mesma que apedreja, como já anotou Augusto dos Anjos.
Hoje os jornais preveem uma derrota fulgurante de Silveira no plenário da Câmara, levando-o à perda do mandato e à manutenção da prisão.
Não vai ter quem consiga fazer o brutamontes entender os motivos que levaram o mito a deixá-lo só.
Mas, se ele tivesse lido Augusto dos Anjos saberia que quando se lida com bandidos e canalhas, que se dizem amigos, o melhor é não esperar nem solidariedade e nem companheirismo.
E, se por acaso, depois de sua provável derrota vierem lhe consolar, talvez valha a pena voltar a recorrer ao poeta.
"Se alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!"