Ventos que vêm dos Andes anunciam boas novas nos EUA e Brasil

Do Blog do Rovai: Não é um vento qualquer esse que vem dos Andes e nem parece algo isolado.

Chilenos comemoram vitória no plebiscito que impôs o fim da Constituição de Pinochet no país (Reprodução)
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A vitória avassaladora da revogação da Constituição de Pinochet neste domingo no Chile não era algo previsível. Nem o mais otimista dos analistas previa 78% dos votos a favor de uma nova Constituição no país. Como também nem o mais otimista esquerdista boliviano previa que o candidato do MAS, Lucho Arce, teria mais de 25% de votos de diferença do que o segundo colocado, Carlos Mesa. Com uma votação nominal de 54%.

Seria tratado como maluco quem anunciasse esse desfecho para essas eleições latino-americanas depois do que aconteceu no Brasil e mesmo na Colômbia e no Uruguai, quando forças de direita derrotaram candidatos progressistas.

Não é um vento qualquer esse que vem dos Andes e nem parece algo isolado.

Nos EUA, as imensas filas de votação a mais de uma semana do pleito já dão sinais de que o trumpismo pode estar perto do fim. De um fim que não será um enterro qualquer, mas talvez cheio de simbolismos, como a vitória do MAS e pela revogação da Constituição de Pinochet no Chile.

Este blogueiro vem apostando nisso há algumas semanas, numa estrondosa derrota de Trump. Faltam apenas 8 dias para ele descobrir se está errado.

E no Brasil? O que vai acontecer no Brasil em 15 de novembro? Seremos impactados por essa onda latino-americana que também é afro nos EUA?

As eleições no Brasil são municipais e o efeito das grandes questões nacionais e internacionais não impactam tanto nelas. Esse é um dado que precisa ser levado em conta. Em cidades como Belo Horizonte não haverá onda progressista que vai tirar a reeleição de Alexandre Kalil. Sua popularidade é muito alta e seus índices nas pesquisas idem.

Mas (e muitas vezes tem um mas...) isso não é assim tão absoluto e vale para todos os lugares como um molde, um padrão. As eleições de São Paulo e Rio de Janeiro ou mesmo em cidades como Porto Alegre, onde os atuais prefeitos ou são mal avaliados ou não estão tão bem avaliados, pode sim ser um acerto de contas.

Podem servir pra que o eleitor acerte suas contas não apenas com o alcaide de plantão, mas também com Bolsonaro, que lhes prometeu um governo eficiente e tem entregado inflação e desemprego. E nas grandes cidades a pedra já caiu no lago. Há um descontentamento maior com a situação atual do que em municípios menores.

O primeiro turno pode ser só o início disso. Mas no segundo, quando o efeito do fim do auxílio emergencial vai estar ainda mais claro, montanhas podem se mover.

E aí é que se forem para o segundo turno, candidaturas como a de Boulos em São Paulo e até a de Benedita no Rio de Janeiro, podem surpreender e fazer o inesperado acontecer.

Ambos ainda são azarões (Boulos já um pouco menos), mas se tiverem gás para uma arrancada final no primeiro turno, podem levar o Brasil a viver os ventos que vêm do Andes. Porque esses ventos não são só deles.