Aprendizes de feiticeiros

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Mobilizam forças, mas as mesmas fogem ao controle. Misto de deslumbramento e terror diante das consequências dos seus feitiços. O que aconteceu na Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Rio de Janeiro são dois extremos opostos. Os reacionários perderam a compostura e a vergonha e partiram para cima em Brasília. Funcionários públicos prevendo a aprovação do pacote de maldades partiram para cima na cidade maravilhosa. Depois do tempo da perplexidade vem a fúria. Reação fora de controle. Intensa energia de sofrimento seja porque o Brasil não é governado por uma junta militar ou porque o Estado do Rio é inadimplente com servidores “inativos” e ativos. Os movimentos em curso estão fora do controle dos governos, partidos políticos, movimentos sociais e mídia publicitária (que deveria ser jornalística). O editorial de hoje - 17/11/2016 – do Jornal O Globo vai precisar de reparos amanhã, uma vez que o ex-governador Sérgio Cabral foi preso. Repito, a invenção dos feiticeiros adquire corpos estranhos a cada dia. O bicho peçonhento não tem nome, muito menos reconhece os seus “donos”. O extinto de sobrevivência não só inquieta herdeiros de militares de alta patente com a possibilidade de perda de privilégios do erário público, como aos servidores que enquanto esperavam a reposição salarial souberam que teriam que fazer “vaquinha” para cobrir o rombo feito pelo PMDB-RJ (Moreira Franco, Sérgio Cabral, Pezão, Eduardo Cunha, Eduardo Paes e cia). Na página 16 do Jornal O Globo de 17/11/2016 a OPINIÃO do grupo coloca no mesmo lugar os que protestaram em Brasília e os que protestaram no Rio: “A baderna, a desordem, a estroinice de ontem expõem o caráter autodestrutivo, autoritário, com laivos fascitoides, dos manifestantes do Rio e de Brasília. Travestiram-se como black blocs em ofensiva aberta ao direito e à liberdade. ” No mais, acusa falta de sintonia entre as manifestações e a sociedade brasileira. O editorial do Jornal O Globo alega dissonância: enquanto a sociedade agoniza tendo que pagar elevada carga tributária, há quem tenha interesses na burocracia inflada, pois, são beneficiários da máquina pública. Conclusão, a insolvência do Estado brasileiro tem relação direta com o custo do funcionalismo público. No alto do seu poder de “informar” e traduzir o que seria a “alma” dos brasileiros de bom senso, os feiticeiros do Jardim Botânico preceituam: “O pulso firme do governo com a própria base é essencial na condução de propostas fundamentais para o reequilíbrio das contas públicas na União, em estados e municípios. Sem isso não vai se avançar em reformas vitais à retomada da economia, como mudanças na previdência e na legislação trabalhista. ” Para deixar tudo explicadinho sem precisar dizer a frase arrogante – “precisa desenhar? ” - os veranistas de Paraty contam com o artigo do nobre jornalista-economista Carlos Alberto Sardenberg sobre orçamentos e contas públicas, cujo título é: “Eis os culpados”. Para bom entendedor meia palavra basta. Os culpados pelo rombo no Rio de Janeiro são os servidores e os aposentados. Governo com aquilo roxo ou com pé grande faz o que tem que ser feito: cortes, reformas, para reparar as “distorções”. Linda a cena dos dois policiais abandonando as fileiras dos opressores e indo para o lado dos seus iguais. Que bela história! A ênfase do jornalismo publicitário é que os black blocs fardados foram presos porque mudaram de lado. Sugiro outro enquadramento: os aprendizes de feiticeiros conhecem os elementos dos feitiços, mas não controlam os resultados. @ValdemarDema2